quinta-feira, 10 de abril de 2008

Sol corrosivo


Da busca diária da água
No mês de dezembro
Gente muito humilde
Acompanhada de um jegue
Caminha à margem da estrada

Moringa na cabeça da mãe
Barris no lombo no animal
Garrafas nas mãos do menino
Panela nas braçinhos da filha

Água salobra
Que seca a boca
Água barrenta
Suja e fedorenta

A galinha bebe a água do ovo
Bebe o gato, o cão, o porco
O passarinho molha seu canto
A muda de laranja irriga as folhas
Lava-se a roupa coberta de pó
Prepara-se o alimento do dia
Toma-se banho antes de dormir

Mais forte que a seca
É a sede da caatinga
Que não respeita cor, gosto, cheiro, distância...

Um comentário:

Pablo disse...

muuuito boa poesia!!! tava dando um repasse aqui, curti!