quarta-feira, 2 de abril de 2008

desencadeado


Falo enquanto arde o peito
Este fiel incontentamento
O crítico olhar de caçador
Não se sabe do quê
Talvez rime com cura
De noite com necessidade
Não importa o que me guia
Estou solto de fato
Milagre, sou poeta
Basta a fagulha do fósforo
E me rendo a mim
Embevecido por tais intentos
Carne tremendo de ânsia
Ávido pela continuidade da obra
Louca vontade de escrever
Já não respeito o lugar e a hora
Na cama e no carro e no trabalho
Vivo para fora
Pelo avesso de sensações
Conjequituras e elucubrações
Pois já temo sua partida
O fim que persegue o mundo
Feito um juvenil amante
Querendo caber tudo num ato
Clamo a Deus, ah meu Deus
Não me prive desta dádiva
Deixe-me morrer assim
Inteiro
Pleno

Nenhum comentário: