sexta-feira, 4 de abril de 2008

Matatu

Lembro de todos arrodeando a casa
15 crianças brincando livremente
Apostando corrida, gritando
Pouco importando quem estava na frente

Quando meus avós já não agüentavam mais
Íamos para rua jogar baleado, futebol
Pega-pega, papai-ajuda
Esta última era minha preferida

A vizinhança ficava desesperada
Não respeitávamos grades ou lanças
O que nos amedrontava eram os cachorros
Quebrávamos o que estivesse no caminho
Claro que de forma involuntária

Passava o carrinho de sorvete e meu avô
Deputado, pagava mais de 20 picolés da kibon
Todos os meninos adoravam-no, óbvio
Outras vezes era geladinho ou taboca
Era uma maravilha

No São João a rua se tornava uma Sarajevo
Fogos de todos os tipos pra todos os lados
Rua de baixo contra rua de cima
Fazíamos imensas bombas-relógio
Quantas vezes escapei de perder um dedo

Também teve a época de empinar arraia
Dos carrinhos de corrida, adesivos
Álbuns, pistolas de água
E tudo mais que aparecia

Brigas houve, todos brigaram
Mas nada que nos torna-se inimigos ou rivais
Pelo menos no meu caso
Não guardo raiva de ninguém

foram bons tempos
Preservo muitas das amizades
Quando os encontro é uma satisfação
A grande maioria se mudou, outro morreu
Casaram, pois é, foi uma grande infância
Aquela da Rua Otaviano Pimenta, Matatu

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