terça-feira, 2 de abril de 2013

Ladainha





sabiá e gaiamum, sabiá e gaiamum

disputaram uma comida


gaiamum panhô pur baxo

sabiá vuô pur riba

na disputa do pedaçu

cada um encheu sua barriga


quanto maió o trabaio

mais gostosa é a guarida, camaradinha

Sonâmbula: ideias confusas de uma moça dormindo





"Você procura o liquidificador com a fita vermelha?"


segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chega por hoje



Me dirão (já me disseram várias vezes):
não seja poeta!


O que ela traz de tão odioso?
ao que o poeta está exposto?

homossexualidade e pobreza povoam o senso comum
arte de vagabundo e de maluco também


Existem banqueiros poetas ou poetas banqueiros?
li que o Vice da Dilma escreve,
ganhou até cadeira e elogios de um imortal;
seriam poemas de terror e sexo?
 
Lhes direi (como já disse):
 
Labirintos de nuvens seriam menores
Acaso o vento trouxesse seu perfume
A lua seu rosto, os mares seu reflexo...


Noites em claro trazem consigo o sol
Banido do Rodoviária Circular – A
Por vender balas de efeito alucinógeno

Droga, um passo em falso depois do assalto
E como saldo, o calço do salto está solto
O soldo no bolso nem servirá como troco



Se a Coréia do Norte atacar

Eu mudo meu nome pra Pyonyang



Nó no cabelo

Morcego

Nó nas alças

Seios

Nó nas vistas

Axilas

Nó na camisa

Pé-da-barriga

Nó em nós

Anzóis



Quantas vezes principiei por quantas vezes
Tantas vezes
Que na larga maioria das vezes
Amontoavam-se feito fezes de reses
 
Quantas vezes minha mente verteu quantas vezes
Para em pouquíssimas vezes
Dentro duma barcaça tomada por redes
Dar adeus às minhas sedes
 
Quantas vezes durante esses últimos meses
Estive à espera de tais revezes
Sofri com o auspício dos deuses
Banhei-me no regurgito dos vermes

Meus desejos me questionam
Questionando-os sinto não existir

Me valho do rio que corre em mim
Navalho, navego, ego, é o “eu”

Um bote de pensamento ruim

Desemboco na boca, nas noites afundo
Acordo escorbútico, com medo e afins
 

A juventude prefere as tormentas, os vapores...
A idade madura é fruta no cacho, ensacada

Tanta incerteza me leva ao porvir

quinta-feira, 21 de março de 2013




 
escrevo escravo
tão fácil
quilombo e lombo



um tombo!

Na língua do homem
Chicote é para cavalos
-dor é agente!

quarta-feira, 20 de março de 2013


Ao filho que ainda não tenho

Pedi desculpas

Pelos erros que cometerei

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Entre as vistas



Vou falar à pedra bruta:
O sonhar, o olhar, a luta.
E queres mais, entendo!
 
Os cortes do aço não ferem
Um corpo celado de tempo.
A luz, o pano, a prensa
A luzem, a trazem pequena.
 
Pedra reformada, cravada, crivada!
 
Será do lar ao mundo, do dedo ao jogo,
Da morte ao submundo...
E renasça, na taça, menina... preda cristalina.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Onde estive? Me pergunto...
Foi preciso comer, buscar comida

Não foi apenas fome, confesso!
Mas fome é uma sensação óbvia
E prefiro ser direto

E já não sendo...
Precisei comer coisas, sem pensar
Sem escrevê-las, também

Pensar, escrever, me traria de volta, me trairia

E voltei? Tentarei...
Inteiro? Pergunto, por que não sei ao certo o que comi!