terça-feira, 8 de abril de 2008

Um sonho para todos


Quebrar meus compromissos
Descer descalço à praia
Num dia de pouco movimento
Ir direto ao mar gelado
Deixar o corpo amolecer
Caminhar até a sombra
Fechar os olhos cansados
Paralisar a sinapse
Apenas ouvir o mar
Sabê-lo
Chocando-se contra as pedras
Chiando sobre a areia
Estalando a espuma
Quero sentir o mundo sem mim
Sentir a vida vagabundeando
Ali, como um coco seco
Solto
Quero que os pássaros se aproximem
Reconheçam minha natureza
Preciso descansar do tempo
Das obrigações cotidianas
Das respostas encima da hora
Escrever não resolve mais
Preciso largar o lápis
Vegetar serenamente por toda uma tarde
Sentir a areia, o vento, o sal
Imóvel, indefeso, sozinho
Livre, uno, novo
Preciso logo
Mas não posso essa semana
Tenho muito a fazer
Até domingo estarei ocupado
Depois já é segunda-feira
Novo adiamento
Segundo a segundo eu quero e preciso
Meus ombros pesam
Meus olhos ardendo se fecham
Essa noite rezarei
Por um sono tranqüilo
Ininterrupto, bom
Para mim e para todos
No qual estarei sem compromisso
Descalço na praia
Num dia de pouco movimento
Ante o mar gelado
Deixarei o corpo amolecer
Depois caminharei até a sombra
Fecharei os olhos cansados
Paralisarei a sinapse
Apenas ouvirei o mar
Sabê-lo

Um comentário:

Jecabrejo disse...

"Quero sentir o mundo sem mim [...]
Quero que os pássaros se aproximem
Reconheçam minha natureza."

Que frases lindas, joão.