sexta-feira, 4 de abril de 2008

Boa mesa


Troquei meus velhos vícios
Por outros não menos insidiosos
Arranquei o filtro do cigarro
Mudei o formato do copo

Beber é uma necessidade vital
Quando não bebo sinto-me mal
Minha cabeça padece de problemas
Fico irado com tantos dilemas

Como não beber uma cerveja
Ao cair da tarde em frente ao farol
Ao uísque e aos prazeres da mesa
Rendo-me sem temer pelo colesterol

O cigarro é meu melhor amigo
Sempre ao lado, sempre disponível
Além disso, com ele penso melhor
É querido para qualquer qüiproquó

Meus dedos se coçam por ele
Meus olhos esperam pela fumaça
Meus pulmões reivindicam-no aceso
Meu cérebro só aquieta com sua brasa

Estes passos de pronador
Revelam minha personalidade
Como o calo do meu dedo médio
Pressupõe sedentarismo e sexualidade

Ainda não sinto dores no peito
Tampouco a famosa falta de ar
Minha pressão controlo no bar
Com quibe, bolinho e queijo

Mudar foi incrivelmente fácil
Transformar-me é outra história
No mais, não tenho a menor vontade
E quando tiver, será em boa hora

Nenhum comentário: