sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Dedo na ferida


Autores: Eu e Thadeu Mendes


Sem passos passo, vou adiante
Paro, regresso, penso
Engasgo, calo, grito
Afirmo, nego, sou relutante

Reluto o mundo e suas coisas
Paletó, vassoura, arame
Lasco, quebro, chuto
Movo-me feito um rato
Nada fica como antes

Entre esgotos percorro seus medos ancestrais
Pés descalços ao chão
Brasas que me fazem dançante
Crio asas para de cima observar infames

Sofrimento gritante
Agonizante é o sorriso sem dentes
A expressão de alegria tomada por lágrimas
Uma permutação de valores injusta e falha

Mas já deveria saber desde o nascimento
Este sistema não serve ao homem
Este é apenas um incremento
Quem é rei é o dinheiro

E ele não sente fome, tampouco dor
Talvez daí nasça o broto do caos
Dessa amálgama insensível
Que cobre o espaço vital

Cada vez mais
Entendo-me como um soro
Nocivo e contagioso
Feito para burlar as chagas

Curativos à parte... a pele arde
O couro à carcaça esquenta
Não me sirvo de dogmas ou devaneios

Meu mundo é o chão que piso
Este é meu compromisso
Solar o chão em nome da evolução
Pelo que devo sofrer
Pois o “globalitarismo” não facilita
Qualquer forma de reação

Sem reação, sem mãos, sem vida
Formar-se um enorme círculo e feridas
Os elos da corrente enferrujam-se
Quebram-se e enfraquecem-se

Os olhos secam
e à boca falta água
bem como à fome a comida
assim vamos vivendo o dito do poeta
“Morte e Vida Severina”

2 comentários:

Thadeu disse...

Fla João...vlw pela parceria
Abraço man
PAz

JOSÉ SILVA disse...

A poesia é a vida.
Lindos e sentidos poemas.
Abraço e continua.