terça-feira, 12 de agosto de 2008

Quando eu morri


Composição: Raul Seixas e Marcelo Nova
(Panela do Diabo)

Quando eu morri em dezembro
De mil novecentos e setenta e dois
Esperava ressuscitar e juntar os pedaços
Da minha cabeça
Um tempo depois um psiquiatra disse
Que eu forçasse a barra
E me esforçasse pra voltar à vida
E eu parei de tomar ácido lisérgico
E fiquei quieto lambendo minha própria ferida

Sem saber se era crime ou castigo
E se havia outro cordão no meu umbigo
Pra de novo arrebentar
Pois eu fui puxado à ferro
Arrancado do útero materno
E apanhei pra poder chorar
Quando eu morri suando frio
Vi Jimmy Hendrix tocando nuvens distorcidas
Eu nem consegui falar
E depois por um momento
O céu virou fragmento do inferno
Em que eu tive que entrar

Eu sentia tanto medo, só queria dormir cedo
Pra noite passar depressa
E não poder me agarrar
Noites de garras de aço
Me cortavam em mil pedaços
E no outro dia eu tinha que me remendar
E se a vida pede a morte
Talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui
E a cada beijo do desejo
Eu me entorpeço e me esqueço
De tudo que eu ainda não entendi

(Essa marcou minha adolescência, bateu feito um galho)

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