sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Menina Estátua

(Autor: Tiago KT)

Menina mimada, de tantos prelúdios e presentes
que intentam substituir, por certo, um carinho ausente.
Menina levada, que não ouve a nada, de que só agrada
O grito, o choro, a cara fechada
Menina durona, meretriz e meliante
Incubada em suas farsas de burguesinha irradiante
Menina pidona, que ao ver a lama
Só não se lambuja por gosto à fama
Menina doente, que sabe que sente a falta da vida
Menina irritante, que pede, que clama
Um pouco de sexo, um pouco de amor
Menina curiosa, que olha, que invoca,
Mas distancia-se por hora, pra a pose galgar
Menina bonita, que em seu corpo vive a ira
De ter sede sem saborear
Menina reprimida, de mal com a vida
De educação polida e com medo de errar
Menina da moda, que sua cheirosa buceta, entende que somente uma
Pica dourada tem o poder de hipnotizar
Ela é daquelas, estirpe soteropolitana pura, daquelas que oculta
Dos guetos, dos becos, dos quintais e dos terreiros a paixão a palpitar
Seja menina, seja moleca, seja sapeca, seja traquina
Que o sonho de menina, entre as agruras do classismo, jamais pode prosperar

(Essas palavras destinam-se a uma singela contribuição ao revelante escrito “Branca na Bahia”, do poeta João)

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