terça-feira, 26 de agosto de 2008

Exílio


Exilado no preconceito
O homem anda calado
Mira as ruas com desconfiança
Cerra os olhos ao olhar para o lado
Mede a distância entre as calçadas
Antecipa cada pisada
Parte da paisagem o incomoda
Vem e vai cheio de dúvidas de bolso
E respostas gravadas em seu córtex

O preconceito o aparta
Não terá vida em plenitude
Por causa de tua tola atitude
De refutar o homem, a mulher,
Pela cor do peito do pé
Pela opção na hora do sexo
Pela crença num deus qualquer
Pela visão quanto à pútrida política
...

Deixe-o seguir à parte
Deixe que vá à vontade
Mãos enfiadas nos bolsos
Suor escorrendo atrás do pescoço
Ele combina bem suas roupas
Não é qualquer um...

Numa transversal ele bate
Dá de cara com seu equívoco
O erro sempre nos procura
Espreitá-lo-á numa dessas curvas
E perceberá o quanto perdido
E sentirá as dores da espessa esfera
Vibrando em sua cabeça e seu peito

Porquanto quem sabe amar não diminui
Porquanto quem sabe raciocinar não subestima
Ele constatará esta teoria e se sentirá uma pulga
Um ser ultrajantemente esquisito, muito mais
Do que aqueles pelos quais nutria ojeriza

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