terça-feira, 26 de agosto de 2008

Autor: Pablo Arruti

Eu não sou capaz
De escrever
Sem perguntar?
Eu não sou capaz
De escrever
Sem perguntar.
Quando um poeta afirma
Não sinto firmeza
Sinto que a beleza
É desabar
É cair de pára-quedas
A poesia é para mim
Como o chão numa queda livre
Desde muito alto.
Vejo o chão como algo lá longe
Cheio de detalhes
Assustador.
As coisas vão crescendo
Tomando forma
Meu destino
Incerto como depois da morte.
Caindo não sinto a firmeza
Mas tenho medo dela.
Vivendo não sinto a morte
Mas tenho medo dela.
As analogias se fundiram
A poesia tem sentido
Como a queda.
Porém não tem explicação
Não tem fundamento
Não tem saída
Como a queda
Como a morte
Como a vida
Como a poesia
Como tudo
Até estraçalhar os dentes
E os neurônios
E os cinco sentidos
Sem fundamento.

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