quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Aéreo


Sua boca, esteja como esteja
Me passa indecências agradáveis
Daquelas que não canso de pensar
Não ouvi uma palavra do que me disse
Estava todo em sua carne

Saciado por seus lábios
Passo aos seus olhos negros
Silentes, ocupados em seu trabalho
Correndo ligeiros sobre os documentos
Sobre a tela, acompanham seus dedos

Agora amo sua voz cadenciada
Musicada no sotaque pernambucano
E faço perguntas e espero outras respostas
E desejo ouvi-la junto ao ouvido
Encostada no travesseiro branco

Sua pele poderia ser qualquer uma
No entanto, suas sardas holandesas
Juntamente com seu coque loiro
Dão um “q” de boneca atrevida
E acho você ainda mais atraente

Bem, assim foi meu check-in
Poucos minutos de alto desejo
Vi apenas seu rosto, passou-me instruções
E agora estou no fatídico avião
Escrevendo este sei lá o quê

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