quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (Aldous Huxley)

PREFÁCIO
Todos os moralistas estão de acordo em que o remorso crônico é um sentimento dos mais indesejáveis. Se uma pessoa procedeu mal, arrependa-se, faca as reparações que puder e trate de comportar-se melhor na próxima vez. Não deve, de modo nenhum, pôr-se a remoer suas más ações. Espojar-se na lama não é a melhor maneira de ficar limpo.
A arte possui também sua moralidade, e muitas das regras desta são iguais, ou pelo menos análogas, às da ética comum. O remorso, por exemplo, é tão indesejável com relação à nossa arte de má qualidade quanto com relação ao nosso mau comportamento.
A má qualidade deve ser identificada, reconhecida e, se possível, evitada no futuro.
Esmiuçar as deficiências literárias de vinte anos atrás, tentar remendar uma obra defeituosa para levá-la à perfeição que não teve em sua primeira forma, passar a nossa meia-idade procurando remediar os pecados artísticos cometidos e legados por aquela outra pessoa que éramos nós na juventude — tudo isso, certamente, é vão e infrutífero.
Eis por que este novo Admirável Mundo Novo sai igual ao antigo. Seus defeitos como obra de arte são consideráveis; mas para corrigi-los, eu teria de reescrever o livro — e, ao reescrevê-lo, como uma outra pessoa, mais velha, provavelmente eliminaria não apenas as falhas da narrativa, mas também os méritos que pudesse ter tido originariamente.
Assim, resistindo à tentação de chafurdar no remorso artístico, prefiro deixar o bom e o mau como estão e pensar em outra coisa.
Entretanto, parece-me que vale a pena mencionar pelo menos o defeito mais grave do romance, que é o seguinte: O Selvagem é posto diante de duas alternativas apenas, uma vida de insanidade na Utopia, ou a vida de um primitivo numa aldeia de índios, vida esta mais humana em alguns aspectos, mas, em outros, pouco menos estranha e anormal. Na época em que foi escrito o livro, eu achava divertida e muito possivelmente verdadeira a idéia de que os seres humanos são dotados de livre arbítrio para escolherem entre a insanidade, de um lado, e a demência, de outro. Contudo, o Selvagem muitas vezes fala mais racionalmente do que, a rigor, o justificaria sua formação entre os praticantes de uma religião que é um misto de culto da fertilidade e de ferocidade de Penitentes. Nem mesmo o conhecimento de Shakespeare poderia justificar, na verdade, tais manifestações. E no fim, por certo, ele é levado a recuar da sanidade mental; o penitentismo nativo reafirma sua autoridade e o Selvagem acaba na autotortura maníaca e no desespero suicida. "E assim morreram sempre infelizes" — para satisfação do divertido e pirrônico esteta que era o autor da fábula.
Hoje não sinto o menor desejo de demonstrar que a sanidade é impossível. Pelo contrário, embora continue não menos tristemente certo que no passado de que a sanidade é um fenômeno bastante raro, estou convencido de que ela pode ser alcançada, e gostaria de vê-la mais difundida. Por ter dito isso em diversos livros recentes e, acima de tudo, por ter compilado uma antologia do que disseram os sãos de espírito acerca da sanidade e de todos os meios pelos quais ela pode ser obtida, ouvi de um eminente crítico acadêmico a observação de que eu sou um triste sintoma do fracasso de uma classe intelectual em tempo de crise. A inferência é, suponho, que o professor e seus colegas são alegres sintomas de êxito. Os benfeitores da humanidade merecem as honras e a comemoração devidas. Construamos um Panteão para os professores.
Deveria localizar-se entre as ruínas de uma das cidades destruídas da Europa ou do Japão, e acima da entrada eu inscreveria, em letras de seis ou sete pés de altura, estas simples palavras:

Consagrado à Memória dos Educadores do Mundo. SI MONUMENTUM
REQUIRIS CIRCUMSPICE.

Mas, voltando ao futuro. . . Se eu reescrevesse o livro agora, ofereceria uma terceira alternativa ao Selvagem. Entre as duas pontas do seu dilema, a utópica e a primitiva, estaria a possibilidade de alcançar a sanidade de espírito — possibilidade já realizada, até certo ponto, numa comunidade de exilados e refugiados do Admirável Mundo Novo, estabelecidos dentro dos limites da Reserva. Nessa comunidade, a economia seria descentralista e georgista, e a política, kropotkiniana e cooperativista. A ciência e a tecnologia seriam usadas como se, a exemplo do sábado, tivessem sido feitas para o homem e não (como no presente e ainda mais no Admirável Mundo Novo) como se o homem tivesse de ser adaptado e escravizado a elas. A religião seria a procura consciente e inteligente do Objetivo Final do homem, a busca do conhecimento unitivo do Tão imanente ou Logos, da Divindade transcendente ou Brama. E a filosofia de vida predominante seria uma espécie de Utilitarismo Superior, em que o princípio da Maior Felicidade ocuparia posição secundária em relação ao do Objetivo Final — e a primeira pergunta a ser formulada e respondida em qualquer contingência da vida seria: "De que modo este pensamento ou ato ajudará ou impedirá a consecução, por mim e pelo maior número possível de outros indivíduos, do Objetivo Final do homem? "Educado entre os primitivos, o Selvagem (nesta hipotética nova versão do livro) não seria transportado para a Utopia senão depois de ter tido a oportunidade de aprender algo em primeira mão sobre a natureza de uma sociedade composta de indivíduos em livre cooperação, dedicados à busca da sanidade de espírito. Assim alterado, Admirável Mundo Novo possuiria uma inteireza artística e filosófica (se é permissível usar uma palavra tão importante a propósito de uma obra de ficção) que, em sua forma atual, evidentemente lhe falta.
Mas Admirável Mundo Novo é um livro sobre o futuro e, sejam quais forem suas qualidades artísticas ou filosóficas, um livro desse tipo só nos poderá interessar se suas profecias derem a impressão de poderem, concebivelmente, vira realizar-se. Do nosso atual posto de observação, quinze anos mais abaixo no plano inclinado da história moderna, até que ponto seus prognósticos parecem plausíveis? Que aconteceu no penoso intervalo para confirmar ou invalidar as predições de 1931?
Uma vasta e óbvia falha de previsão é imediatamente v\s(ve\. Admirável Mundo. Novo não contém nenhuma referência à fissão nuclear. Essa omissão é, na verdade, um tanto curiosa, pois que as possibilidades da energia nuclear tinham sido tópico comum de conversas durante anos antes de ser escrito o livro. Meu velho amigo Robert Nichols escrevera, até, um drama de sucesso a respeito do assunto, e lembro-me que eu próprio o mencionara de passagem num romance publicado em fins do decênio de vinte. De modo que, como digo acima, parece muito curioso que os foguetes e helicópteros do sétimo século de Nosso Ford não fossem movidos por núcleos de desintegração. O lapso pode não ser desculpável; mas é, pelo menos, fácil de explicar. O tema de Admirável Mundo Novo não é o avanço da ciência em si mesmo; é esse avanço na medida em que afeta os seres humanos. Os triunfos da física, da química e da engenharia são tacitamente dados por supostos. Os únicos progressos científicos descritos especificamente são os que se relacionam com a aplicação aos seres humanos dos resultados de futuras pesquisas nos terrenos da biologia, da fisiologia e da psicologia. É somente por meio das ciências da vida que se pode mudar radicalmente a qualidade desta. As ciências da matéria podem ser aplicadas de tal modo que destruam a vida ou a tornem impossível mente complexa e desconfortável; mas, a não ser que sejam usadas como instrumentos pelos biologistas e psicólogos, nada podem fazer para modificar as formas e expressões naturais da própria vida. A liberação da energia atômica assinala uma grande evolução na história humana, porém não (salvo se nos fizermos saltar pelos
ares e assim pusermos ponto final à história) a revolução final e mais profunda.
Essa revolução verdadeiramente revolucionária deverá ser realizada, não no mundo exterior, mas sim na alma e na carne dos seres humanos. Vivendo, como viveu, num período revolucionário, o Marquês de Sade fez uso, muito naturalmente, dessa teoria das revoluções para racionalizar seu tipo peculiar de insanidade. Robespierre havia realizado a espécie de revolução mais superficial, a política. Penetrando um pouco mais fundo, Babeuf tentara a revolução econômica. Sade considerava-se o apóstolo da revolução verdadeiramente revolucionária, que iria mais além da mera política e economia — a revolução dos indivíduos, homens, mulheres e crianças, cujos corpos se tornariam, de então em diante, a propriedade sexual comum, e cujas mentes deveriam ser expurgadas de todas as decências naturais, de todas as inibições laboriosamente adquiridas da civilização tradicional. Entre a doutrina de Sade e a revolução verdadeiramente revolucionária não há, por certo, nenhuma relação necessária ou inevitável; Sade era um lunático, e a meta mais ou menos consciente de sua revolução era a destruição e o caos universal. Os homens que governam o Admirável Mundo Novo podem não ser sãos de espírito (no que se poderia chamar o sentido absoluto da expressão); mas não são loucos. Sua meta não é a anarquia, e sim a estabilidade social.
É para alcançar essa estabilidade que eles realizam, por meios científicos, a revolução última, pessoal, verdadeiramente revolucionária.
Enquanto isso, porém, estamos na primeira fase do que talvez seja a penúltima revolução. Sua fase seguinte poderá ser a guerra atômica, e nesse caso não nos precisamos preocupar com profecias sobre o futuro. Mas é concebível que tenhamos bastante bom senso, se não para pôr fim a todas as lutas, pelo menos para nos portarmos de maneira tão racional como o fizeram nossos antepassados do século XVIII.
Os horrores inimagináveis da Guerra dos Trinta Anos constituíram-se realmente numa lição para os homens, e por mais de cem anos os políticos e generais da Europa resistiram conscientemente à tentação de empregar seus recursos militares até os limites da destrutividade ou (na maioria dos conflitos) de continuar a combater até que o inimigo fosse inteiramente aniquilado. Eram agressores, sem dúvida, ávidos de lucro e de glória; mas eram também conservadores, decididos a manter, a todo custo, intato o seu mundo como um mecanismo em condições de funcionamento. Nos últimos trinta anos, não tem havido conservadores, apenas radicais nacionalistas da direita e radicais nacionalistas da esquerda. O último estadista conservador foi o quinto Marquês de Lansdowne; e, quando ele escreveu uma carta a The Times sugerindo que a Primeira Guerra Mundial deveria ser concluída por meio de um acordo, como o tinham sido, em sua maioria, as guerras do século XVI11, o diretor daquele jornal antigamente conservador se recusou a publicá-la.
Os radicais nacionalistas impuseram sua vontade, com as conseqüências que todos conhecemos — bolchevismo, fascismo, inflação, depressão, Hitler, a Segunda Guerra Mundial, a ruína da Europa e a fome quase universal.
Supondo, pois, que seremos capazes de aprender tão bem com Hiroxima como nossos antepassados aprenderam com Magdeburgo, podemos esperar um período, não de paz, na verdade, mas sim de guerra limitada e apenas parcialmente ruinosa. Durante esse período, pode-se presumir que a energia nuclear será utilizada para fins industriais.
O resultado, como é bastante óbvio, será uma série de mudanças econômicas e sociais sem precedentes na sua rapidez e totalidade. Todos os padrões de vida humana existentes serão rompidos, e terão de improvisar-se novos padrões em conformidade com o fato não-humano da força atômica. O cientista nuclear, Procrusto em roupagem moderna, preparará a cama em que a humanidade deverá deitar-se; e se a humanidade não se ajustar — pois tanto pior para ela. Terá de haver alguns esticamentos e algumas amputações — o mesmo tipo de esticamentos e amputações que vêm ocorrendo desde que a ciência aplicada realmente se pôs em marcha; apenas, desta vez, serão bem mais drásticos do que no passado. Essas operações nada indolores serão dirigidas por governos totalitários altamente centralizados/Isso é inevitável, porquanto o futuro imediato deverá parecer-se ao passado imediato, em que as mudanças tecnológicas rápidas, verificando-se numa economia de produção em massa e entre uma população predominantemente destituída de posses, sempre tenderam a provocar a confusão econômica e social. Para enfrentar a confusão, o poder tem sido centralizado e o controle governamental aumentado. É provável que todos os governos do mundo venham a ser mais ou menos completamente totalitários mesmo antes da utilização da energia nuclear; que o serão durante e após essa utilização, parece quase certo. Só um movimento popular em grande escala para a descentralização e a iniciativa local poderá deter a atual tendência para o estatismo. Presentemente, não existe nenhum sinal de que venha a ocorrer tal movimento.
Não há, por certo, nenhuma razão para que os novos totalitarismos se assemelhem aos antigos. O governo pelos cassetetes e pelotões de fuzilamento, pela carestia artificial, pelas prisões e deportações em massa, não é simplesmente desumano (ninguém se importa muito com isso hoje em dia); é, de maneira demonstrável, ineficiente — e numa época de tecnologia avançada a ineficiência é o pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente eficiente seria aquele em que o executivo todo-poderoso de chefes políticos e seu exército de administradores controlassem uma população de escravos que não tivessem de ser coagidos porque amariam sua servidão.
Fazer com que eles a amem é a tarefa confiada, nos estados totalitários de hoje, aos ministérios de propaganda, diretores de jornais e professores. Seus métodos, porém, são ainda primitivos e pouco científicos. A afirmação jactanciosa dos antigos jesuítas, de que, se lhes fosse dado educara criança, se responsabilizariam pelas opiniões religiosas do homem, não era mais do que o produto da racionalização de um desejo. E o pedagogo moderno é, com toda probabilidade, bem menos eficiente no condicionamento dos reflexos de seus alunos do que o eram os reverendos padres que educaram Voltaire. Os maiores triunfos da propaganda têm sido obtidos, não por atos positivos, mas pela abstenção. Grande é a verdade, mas ainda maior, do ponto de vista prático, é o silêncio em torno da verdade. Pela simples abstenção de mencionar certos assuntos, pela interposição do que o Sr. Churchill denomina uma "cortina de ferro" entre as massas e os fatos ou argumentos que os chefes políticos locais consideram indesejáveis, os propagandistas totalitários têm influenciado a opinião com muito mais eficácia do que poderiam tê-lo feito pelas mais eloqüentes invectivas, pelas mais convincentes refutações lógicas. Mas o silêncio não basta. Se se quiser evitar a perseguição, a liquidação e outros sintomas de atrito social, os aspectos positivos da propaganda deverão ser tornados tão eficazes como os aspectos negativos. Os mais importantes Projetos Manhattan do futuro serão vastas pesquisas, sob patrocínio governamental, em torno do que os políticos e os cientistas participantes chamarão "o problema da felicidade" — em outras palavras, o problema de fazer com que as pessoas amem sua servidão. Sem segurança econômica, o amor à servidão simplesmente não pode existir; para maior brevidade, dou por suposto que o todo-poderoso executivo e seus administradores conseguirão resolver o problema da segurança permanente. Mas a segurança tende a tornar-se em muito pouco tempo uma coisa aceita como normal. Sua realização constitui uma revolução meramente superficial, externa. O amor à servidão não pode ser instituído senão como fruto de uma profunda revolução pessoal nas mentes e nos corpos humanos. Para efetuar essa revolução precisamos, entre outras coisas, das descobertas e invenções enumeradas a seguir. Primeiro, uma técnica de sugestão consideravelmente aperfeiçoada — pelo condicionamento infantil e,mais tarde, com o auxílio de drogas, como a escopolamina.
Segundo, uma ciência completamente desenvolvida das diferenças humanas, que permita aos administradores encaminhar qualquer indivíduo ao seu devido lugar na hierarquia social e econômica. (As pessoas mal adaptadas à sua posição tendem a alimentar pensamentos perigosos sobre o sistema social e a contagiar os outros com seus descontentamentos.) Terceiro (uma vez que a realidade, por mais utópica que seja, é algo de que as pessoas precisam tirar férias com bastante freqüência), um substituto para o álcool e os outros narcóticos, que seja ao mesmo tempo menos nocivo e mais produtor de prazer que o gim ou a heroína. E quarto (mas este seria um projeto a longo prazo, que demandaria gerações de controle totalitário para ser levado a bom termo), um sistema infalível de eugenia, destinado a padronizar o produto humano, facilitando assim a tarefa dos administradores. Em Admirável Mundo Novo essa padronização do produto humano foi levada a extremos fantásticos, embora não, talvez, impossíveis. Técnica e ideologicamente, ainda estamos muito longe dos bebês enfrascados e dos grupos Bokanovsky de semi-aleijões. Mas, pelo ano 600 D. F., quem sabe o que não estará acontecendo? Entrementes, as outras características desse mundo mais feliz e mais estável — os equivalentes do soma e da hipnopedia, e o sistema científico de castas — não estão, provavelmente, a mais de três ou quatro gerações de nós. E a promiscuidade sexual de Admirável Mundo Novo também não parece tão distante. Já existem cidades norte-americanas em que o número de divórcios é igual ao de casamentos. Dentro de poucos anos, sem dúvida, licenças para casamento serão vendidas como as licenças para a posse de cães, válidas por um período de doze meses, sem nenhuma lei que proíba a troca de cães ou a posse de mais de um cão de cada vez. À medida que diminui a liberdade política e econômica, a liberdade sexual tende a aumentar em compensação.
E o ditador (a não ser que precise de carne para canhão e de famílias para colonizar territórios despovoados ou conquistados) agirá prudentemente estimulando essa liberdade. Em conjunção com a liberdade de sonhar sob a influência das drogas, do cinema e do rádio, ela ajudará a reconciliar os súditos com a servidão que é o seu destino.
Tudo considerado, a Utopia parece estar muito mais perto de nós do que qualquer pessoa, apenas quinze anos atrás, poderia imaginar. Nessa época, eu a projetei para daqui a seiscentos anos. Hoje parece perfeitamente possível que o horror esteja entre nós dentro de um único século. Isto é, se nos abstivermos de nos fazer saltar pelos ares em pedaços antes disso. Na verdade, a menos que prefiramos a descentralização e o emprego da ciência aplicada, não como o fim a que os seres humanos deverão servir de meios, mas como o meio de produzir uma raça de indivíduos livres, teremos apenas duas alternativas: ou diversos totalitarismos nacionais militarizados, tendo como raiz o terror da bomba atômica e como conseqüência a destruição da civilização (ou, no caso de guerras limitadas, a perpetuação do militarismo); ou então um totalitarismo supranacional suscitado pelo caos social resultante do progresso tecnológico, e em particular da energia atômica, totalitarismo esse que se transformará, ante a necessidade de eficiência e estabilidade, na tirania assistencial da Utopia. É escolher.
1946

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