segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vias de fato

Eu
Eu sou
Eu sou um carro
Um popular bege
Sem frisos, cromados, rodas de liga-leve
Um típico brasileiro tipo exportação

Estou nestas mesmas ruas que outros estão
Correndo à frente atrás do meu destino
E vou longe, por qualquer terreno
Sobre as calçadas
Na contra-mão

Minha sombra é meu domínio
Meu pedaço de terra em movimento
E que ninguém encoste, pois passo por cima
Bato, arrebento, estraçalho, trinco
No trânsito sou cavalo inteiro:
Encostou, tem briga
Bateu, inexoravelmente recebe

Meu mundo é a rua
De buracos, descaminhos, atalhos
Sinais, advertências, buzinas
E a rua é cruel, se é que você não sabe

Estamos em essência na via
Sem gentilezas, carinhos
Somente o interesse
De manter-se inteiro
De chegar o mais rápido possível

2 comentários:

Pablo disse...

gostei mais o menos!
nao acabei de gostar da analogía de ser um carro, nao gosto de carro.
Tampouco gosto dessa historia de encostar e ter briga. Gostei
"minha sombra é meu dominio
meu pedaço de terra em movimento"

Mas a sombra num é um pedaço de terra, é um pedaço de treva tenue, uma deficiencia luminosa, sei la.

C ta ligado que eu sou um saco!

João disse...

vc é brother, otário!
Fique à vontade.
Acordei carro esse dia!
Hoje sou um barro.
Amanhã serei um agasalho.