Sem noção de afeto
Apenas uma impressão de não agressão
Sem lembrança de uma cama
Apenas o desejo de algo melhor que o chão
Sem a menor higiene
Apenas a mão suja acalentando o rosto
Passamos pelos meninos deitados no chão
Ao céu
Cobertos por papelões
Tantas foram as vezes
Tantos os meninos
Que a cena incomoda cada vez menos
Quando deveria ser o contrário
Em verdade, não nutrimos nada por eles
Senão desprezo e nojo
Aqueles seres sem função, sem salário, sem poder
São algo que sequer fede
Seu sofrimento não existe
Apenas uma impressão de não agressão
Sem lembrança de uma cama
Apenas o desejo de algo melhor que o chão
Sem a menor higiene
Apenas a mão suja acalentando o rosto
Passamos pelos meninos deitados no chão
Ao céu
Cobertos por papelões
Tantas foram as vezes
Tantos os meninos
Que a cena incomoda cada vez menos
Quando deveria ser o contrário
Em verdade, não nutrimos nada por eles
Senão desprezo e nojo
Aqueles seres sem função, sem salário, sem poder
São algo que sequer fede
Seu sofrimento não existe
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