Eu sou sua dose diária de poesia
O trago literário que pigarreia
Solto no urdido balcão da internet
Exposto aos olhos de quem se serve
Antipirético é o meu ledo estilo
Destilado em barris de paus-brasis
Sou verde como a cana em chamas
E vermelho como o apagado batom da meretriz
Estou infuso em confusos universos
A amálgama é a premissa dos meus versos
E faço dessa batida a lombra de letras
E faço dessa batida a lombra de letras
Que me diferencia das demais drogas bestas
Sou composto por substâncias de muita gente
Às vezes rimo, noutras prefiro o descaso
Vivo assim: sem rótulo, sem bula, sem preço
Existo no exato momento em que aconteço
Mas não se vicie, procure administrar a leitura
Injete-me pouco a pouco, sacuda e respire
Assim compreenderá o fino do gosto ácido
Que sai da minha boca e amolece a sua língua
Em breve serei engarrafado (mal de todo entorpecente)
Posto à venda nos botequins e bancas de jornal
Posto à venda nos botequins e bancas de jornal
Pelo que me lerá com maior calor e cuidado
Pensando ser eu mais um “produto intelectual”
Na verdade sou a essência daninha do limo
O troço que mina da rachadura da pedra
Não transmito nada de refinado ou culto
Sou simples fruto das deficiências desta terra
E assim me consuma novamente
Se lambuze e me esfregue por todo o rosto
E me desculpe se não me faço compreender
Aqui está apenas uma porção de tira-gosto
2 comentários:
Sem palavras...gostei muito.
Rolou tbm aquela velha identificação.
A anologia da confusão com a simplicidade e o "nada-intelecto". muito bom....somos seres em contínuo aprendizado.
Parabéns
pra toda a vida!
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