segunda-feira, 3 de março de 2008

Compasso alto


Pelas calçadas
O homem leva seu vilão pendurado no ombro
Na mão um tanto de cds
Segue cantando suas canções
Distraído
Que mal o aflige?
Observa a cidade e seus personagens
Repara pequenos detalhes
O limo na fachada do casarão
O cofrinho magnético da morena
O vôo dos pássaros
O animado carrinho de café
Interage com a paisagem urbana
Mentaliza fotos, emoldura belos quadros
Repensa as agruras do mundo
Questiona o porquê de tanta miséria
Quanta pobreza nessa civilização de ponta
O mendigo o inspira e expira
Mas cantar a desdita não compra o pão
O vento levanta a poeira trazida pela chuva
Seus olhos se fecham e o compasso continua
Onde se esconde a rima?
Esse homem de andar desleixado
Persegue as impressões, qualquer uma
Anota coisas nas costas da mão
Retalhos de uma simples caminhada
“O mundo no fundo dos olhos de quem me vê”
“Quem anda com velho é bengala”
Ri sozinho, parece um tolo
Faz música com as moedas do bolso
Enquanto adivinha os pensamentos de um enfermeiro
Decide usar roupa branca em seus shows
As conversas alheias o atraem
Novas gírias e problemas de gente comum
Até um comentário sobre o Big Brother
Ele não assiste mais TV
Prefere caminhar pelas calçadas
Aonde vai esse homem,
Senão em busca da felicidade?!

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