quinta-feira, 27 de março de 2008

São Lázaro


De um momento para o outro, um assalto
Quatro homens, dois revólveres, várias vítimas
Vozes rudes, brutalidade convincente
Rostos fechados, cobertos, pétreos
Todos mais jovens do que eu, triste constatação
Não houve o que fazer (fugir, esconder)
Levam-me coisa de menor valor
Entrego um celular comprado por 10 reais
Não pedem o carro ou a corrente de minha bisavó
Foram ordens atrás de ordens
Acatei a todos, como num quartel, Generais da Guerra
Certeza da incerteza
Não reagir acima de tudo
Manter-se o mais imóvel possível
Prezar pela vida, por todas
Durou poucos minutos, mas é aquela conversa:
Pareceu uma eternidade
Noutro minuto sou tomado por uma euforia
Alegria mesmo, sorriso imóvel, inabalável
Por todos estarem bem
Pelo mínino do mínimo
Peço logo outra cerveja
Sobraram-me 5 reais, estou rico
Armo meu tabuleiro de xadrez
Ligo o som do carro (Cordel)
Eis que chega um amigo trazendo novidades
Sorrio ainda mais pelos recém-pobres indignados
Valentões, discípulos de Chuck Norris
Querem pegar, bater, atropelar, muita TV na mente
Infelizmente, a vida é assim no Brasil
Distribuição de renda na tora!

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