sábado, 17 de maio de 2008

Orquídea do Atacama


Ontem voltei a atuar
Me fiz de desentendido
Como se não houvesse ali
Uma orquídea do Atacama

Incorporei a “persona” míope
Interessado por outras moças
Fracionando sua beleza
Ao cruzar dos corpos sem graça

Assumi um heterónimo
Aquele que flerta com loiras
E delas passei a ocupar-me
Exercitando trocadilhos e rimas

Mas no peito do meu âmago
Meu Eu só olhava para você
E eu evitava ouvir seu bramido
A paixão que suplicava

Esforço em vão
Quando me pus na cama
Por você devaneei
A cordilheira açucarada
Corpulenta de pacto com a maciez
Pousada nua no horizonte
Rindo para mim seus olhos
Os lábios carnudos acesos
Os seios amamentavam o vale
E seu cheiro perfumava
Me aproximei extasiado
Parei diante de uma dádiva
Cheirei seu nariz e pescoço
Sua veia pulsava
Mordi sua face e adormeci

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