terça-feira, 20 de maio de 2008

Copa de árvore

Às vezes
Somos tomados por sensações
Que não são nossas
Postos a falar sobre coisas
Que não sabemos
A chorar lágrimas
Que não temos
A ouvir vozes
Que não existem

De onde partem
Essas sugestões sem explicação
Que nos tocam o sentimento
Feito um alisar vagaroso
Um sorriso afetuoso
Um soprar de sopros
E que nos leva de plano?

Talvez sejam apenas nós
Nos chamando com delicadeza
Acenando da vastidão
De onde desviamos o olhar
Ou algo em nós
Que carece de cuidado
De um pouco mais de atenção
Resguardados sob os dias
Podem ser um feto
Reclamando o nascimento
Choramingando baixinho
Com suas últimas forças
Acredito que sejam o todo
E também o nada renovado
O excesso e a falta
Um sinal em nosso espírito

Um comentário:

Pablo disse...

Muito boa. De verdade. Nunca tinha pensado sobre isso, mas sinto constantemente, falo o que nao sei e choro o que nao sinto. Nós somos nada e estamos de formas variadas, nenhuma delas é nossa, por mais que a constancia ou o reflexo no espelho nos digam o contrário.