sábado, 24 de maio de 2008

Caqueiro


Ao jovem partidário, eu pergunto:
De que vale a primavera
Se as flores do teu sonho são invisíveis
Sem cores e luzes
Sem insetos
Sem pássaros
Se há grades em teu jardim
E os mendigos não podem cochilar
Se estudantes não namoram lá
Se você nunca trabalha a terra
?
Por acaso é botânico de ar?
Cheira o próprio pólen?
Cria espelhos em teu solo?

A vida dança em sua homenagem
Mas você estampa um sorriso patético
Todo o blefe do teu peito aleijado

Comprovará quanto de ti é humano
Quando o sol desmaiar em tuas retinas
E a juventude puxar o tapete de tafetá
Se resumirá a um caqueiro branco de canto
Enquanto para as minhocas
A vida estará desejando bom dia!

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