*Pedro Caribé, do A TARDE On Line
Um projeto de Lei em tramitação no Senado pode diminuir os dias de meia-entrada para idosos e estudantes em shows, teatro e estádios de futebol. Caso seja aprovado no parlamento, os alunos e maiores de 60 anos perdem o direito de pagar 50% do valor dos ingressos nos dias de quinta, sextas, sábados e feriados, com exceção dos cinemas, que não permitirão nos fins de semana e feriados.
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Outras alterações do projeto, de autoria do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), são: o ressarcimento aos produtores nos dias em que a meia-entrada for utilizada; cotas de até 40% para bilhetes com metade do preço; e centralização na emissão do documento estudantil, com o objetivo de reduzir a falsificação.
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Para ser efetivado, o projeto percorrerá um caminho longo em Brasília. O primeiro passo será no dia 17 novembro, na pauta da Comissão de Educação e Cultura do Senado. Depois, segue para o plenário e caminha para a Câmera dos Deputados, onde passará por mais duas comissões antes de ser validado.
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Nas palavras do vice-presidente da União dos Estudantes da Bahia (UEB), Gabriel Oliveira: “o problema da falsificação é real e precisa ser enfrentado”. Na Bahia, nove entidades são habilitadas a cadastrar as carteiras de estudantes pela Secretaria Estadual de Educação em 2008. Porém Oliveira destaca: “A maioria da juventude brasileira não tem condições de freqüentar um cinema ou teatro. Esta medida tem que ser acompanhada com atenção para não restringir ainda mais o acesso”. O líder estudantil complementa: “Em Salvador, a maioria das casas de show não respeitam a legislação. Agora, imagina depois que isso for aprovado”.
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A UEB é associada à União Nacional dos Estudantes (UNE), que ao lado dos produtores culturais e parlamentares, assinou o relatório da Senadora Marisa Serrano (PSDB-MS). A UNE e UEB poderão ter o retorno da exclusividade para emissão das carteiras. Também é previsto no relatório a criação do Conselho Nacional de Fiscalização, Controle e Regulamentação da Meia-Entrada e da Identificação Estudantil.
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Segundo informações da rede de cinemas Cinemark, 70% dos ingressos são de meia-entrada. Já o diretor geral da UCI/Oriente, Aquiles Mônaco, discorre que a partir de 2005 houve uma redução de até 40% dos freqüentadores nas salas de exibição. Os empresários cinematográficos apostam numa redução nos preços dos ingressos que subiram 66% nos últimos oito anos.
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Gisele Nussbaumer, diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia, é a favor de uma revisão na legislação: “Os gestores dos equipamentos culturais acham que o número excessivo de carteirinhas encarece os custos da produção. Os grandes shows na Concha Acústica chegam a 90% de meia-entrada”. Por outro lado, a diretora, que também realiza pesquisa pela UFBA sobre o perfil dos freqüentadores nas casas de espetáculo em Salvador, discorda do projeto de Lei: “Não faz sentido nenhum restringir o público. Vai de encontro à democratização no acesso”.
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Estádios:
Os torcedores de futebol também serão afetados com o projeto. Cinco jogos do Vitória na Série A e dez do Bahia na Série B, ocorreram na quinta, sexta ou sábado, dias previstos para extinguir a meia-entrada. No último jogo entre Bahia e Corinthians, no Jóia da Princesa, 4,9 mil ingressos de meia foram colocados à venda, o que representa 37% do total de 13,4 mil. Já no Vitória e Flamengo, seis mil ingressos com o beneficio foram colocados a disposição, o que representa 16% dos 38 mil registrados nas bilheterias para o público.
Serviço:
Confira as nove entidades na Bahia autorizadas a emitir carteira de estudante pela Secretaria Estadual de Educação em 2008-União Municipal dos Estudantes Secundaristas e Universitários de Itaberaba, Amargosa, São Gonçalo dos Campos e demais Municípios do Estado da Bahia (UMESA) - Itaberaba / Fone: (71) 3627-6255/6970 e 9192-1273/8744-3888-Aliança Baiana Secundarista e Universitária (ABS) - Salvador / Fone: (71) 3491-3187 / 9176-2485-União dos Estudantes do Brasil (UEB) – Vitória da Conquista / Fone: ( 77 ) 3088-8688-União Conquistense dos Estudantes do Brasil (UCEB) – Vitória da Conquista / Fone: ( 77 ) 3088-8688-Diretório Central dos Estudantes da Universidade Salvador (DCE-UNIFACS) Salvador / Fone: (71) 3627-6255/6970 e 9192-1273/8744-3888-Associação Metropolitana dos Estudantes e Universitários do Estado da Bahia (AMES) Camaçari / Fone: (71) 3627-6255/6970 e 9192-1273/8744-3888-União dos Estudantes Secundaristas do Extremo Sul (UESES) – Itamaraju / Fone: (73) 8817-4029 e 8817-8425-Associação dos Estudantes do Brasil (AEB) – Itabuna / Fone: (73) 3215-0024- União dos Estudantes do Brasil - Colegiais e Universitários – Feira de Santana / Fone: (75) 3614-5605*Colaborou Liana Rocha, do A TARDE
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Mora na Filosofia
(Monsueto e A. Pessoa, 1955)
Eu vou lhe dar a decisão
Botei na balança e você não pesou
Botei na peneira e você não passou
Mora na Filosofia
Pra que rimar amor e dor?'
`
Se seu corpo ficasse marcado
Por lábios ou mãos carinhosas
Eu saberia, ora vai mulher...
A quantos você pertencia
Não vou me preocupar em ver
Teu caso não é de ver pra crer
Tá na cara
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Karl Marx manda lembranças
AS ECONOMIAS modernas criaram um novo conceito de riqueza. Não se trata mais de dispor de valores de uso, mas de ampliar abstrações numéricas. Busca-se obter mais quantidade do mesmo, indefinidamente. A isso os economistas chamam 'comportamento racional'. Dizem coisas complicadas, pois a defesa de uma estupidez exige alguma sofisticação.
Quem refletiu mais profundamente sobre essa grande transformação foi Karl Marx. Em meados do século 19, ele destacou três tendências da sociedade que então desabrochava:(a) ela seria compelida a aumentar incessantemente a massa de mercadorias, fosse pela maior capacidade de produzi-las, fosse pela transformação de mais bens, materiais ou simbólicos, em mercadoria; no limite, tudo seria transformado em mercadoria;(b) ela seria compelida a ampliar o espaço geográfico inserido no circuito mercantil, de modo que mais riquezas e mais populações dele participassem; no limite, esse espaço seria todo o planeta;(c) ela seria compelida a inventar sempre novos bens e novas necessidades; como as 'necessidades do estômago' são poucas, esses novos bens e necessidades seriam, cada vez mais, bens e necessidades voltados à fantasia, que é ilimitada.
Para aumentar a potência produtiva e expandir o espaço da acumulação, essa sociedade realizaria uma revolução técnica incessante. Para incluir o máximo de populações no processo mercantil, formaria um sistema-mundo. Para criar o homem portador daquelas novas necessidades em expansão, alteraria profundamente a cultura e as formas de sociabilidade. Nenhum obstáculo externo a deteria.Havia, porém, obstáculos internos, que seriam, sucessivamente, superados e repostos.
Pois, para valorizar-se, o capital precisa abandonar a sua forma preferencial, de riqueza abstrata, e passar pela produção, organizando o trabalho e encarnando-se transitoriamente em coisas e valores de uso. Só assim pode ressurgir ampliado, fechando o circuito. É um processo demorado e cheio de riscos. Muito melhor é acumular capital sem retirá-lo da condição de riqueza abstrata, fazendo o próprio dinheiro render mais dinheiro. Marx denominou D - D' essa forma de acumulação e viu que ela teria peso crescente. À medida que passasse a predominar, a instabilidade seria maior, pois a valorização sem trabalho é fictícia. E o potencial civilizatório do sistema começaria a esgotar-se: ao repudiar o trabalho e a atividade produtiva, ao afastar-se do mundo-da-vida, o impulso à acumulação não mais seria um agente organizador da sociedade.
Se não conseguisse se libertar dessa engrenagem, a humanidade correria sérios riscos, pois sua potência técnica estaria muito mais desenvolvida, mas desconectada de fins humanos. Dependendo de quais forças sociais predominassem, essa potência técnica expandida poderia ser colocada a serviço da civilização (abolindo-se os trabalhos cansativos, mecânicos e alienados, difundindo-se as atividades da cultura e do espírito) ou da barbárie (com o desemprego e a intensificação de conflitos). Maior o poder criativo, maior o poder destrutivo.
O que estamos vendo não é erro nem acidente. Ao vencer os adversários, o sistema pôde buscar a sua forma mais pura, mais plena e mais essencial, com ampla predominância da acumulação D - D'. Abandonou as mediações de que necessitava no período anterior, quando contestações, internas e externas, o amarravam. Libertou-se. Floresceu. Os resultados estão aí. Mais uma vez, os Estados tentarão salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas. Karl Marx manda lembranças.
CESAR BENJAMIN, 53, editor da Editora Contraponto e doutor honoris causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela), é autor de 'Bom Combate' (Contraponto, 2006).
Quem refletiu mais profundamente sobre essa grande transformação foi Karl Marx. Em meados do século 19, ele destacou três tendências da sociedade que então desabrochava:(a) ela seria compelida a aumentar incessantemente a massa de mercadorias, fosse pela maior capacidade de produzi-las, fosse pela transformação de mais bens, materiais ou simbólicos, em mercadoria; no limite, tudo seria transformado em mercadoria;(b) ela seria compelida a ampliar o espaço geográfico inserido no circuito mercantil, de modo que mais riquezas e mais populações dele participassem; no limite, esse espaço seria todo o planeta;(c) ela seria compelida a inventar sempre novos bens e novas necessidades; como as 'necessidades do estômago' são poucas, esses novos bens e necessidades seriam, cada vez mais, bens e necessidades voltados à fantasia, que é ilimitada.
Para aumentar a potência produtiva e expandir o espaço da acumulação, essa sociedade realizaria uma revolução técnica incessante. Para incluir o máximo de populações no processo mercantil, formaria um sistema-mundo. Para criar o homem portador daquelas novas necessidades em expansão, alteraria profundamente a cultura e as formas de sociabilidade. Nenhum obstáculo externo a deteria.Havia, porém, obstáculos internos, que seriam, sucessivamente, superados e repostos.
Pois, para valorizar-se, o capital precisa abandonar a sua forma preferencial, de riqueza abstrata, e passar pela produção, organizando o trabalho e encarnando-se transitoriamente em coisas e valores de uso. Só assim pode ressurgir ampliado, fechando o circuito. É um processo demorado e cheio de riscos. Muito melhor é acumular capital sem retirá-lo da condição de riqueza abstrata, fazendo o próprio dinheiro render mais dinheiro. Marx denominou D - D' essa forma de acumulação e viu que ela teria peso crescente. À medida que passasse a predominar, a instabilidade seria maior, pois a valorização sem trabalho é fictícia. E o potencial civilizatório do sistema começaria a esgotar-se: ao repudiar o trabalho e a atividade produtiva, ao afastar-se do mundo-da-vida, o impulso à acumulação não mais seria um agente organizador da sociedade.
Se não conseguisse se libertar dessa engrenagem, a humanidade correria sérios riscos, pois sua potência técnica estaria muito mais desenvolvida, mas desconectada de fins humanos. Dependendo de quais forças sociais predominassem, essa potência técnica expandida poderia ser colocada a serviço da civilização (abolindo-se os trabalhos cansativos, mecânicos e alienados, difundindo-se as atividades da cultura e do espírito) ou da barbárie (com o desemprego e a intensificação de conflitos). Maior o poder criativo, maior o poder destrutivo.
O que estamos vendo não é erro nem acidente. Ao vencer os adversários, o sistema pôde buscar a sua forma mais pura, mais plena e mais essencial, com ampla predominância da acumulação D - D'. Abandonou as mediações de que necessitava no período anterior, quando contestações, internas e externas, o amarravam. Libertou-se. Floresceu. Os resultados estão aí. Mais uma vez, os Estados tentarão salvar o capitalismo da ação predatória dos capitalistas. Karl Marx manda lembranças.
CESAR BENJAMIN, 53, editor da Editora Contraponto e doutor honoris causa da Universidade Bicentenária de Aragua (Venezuela), é autor de 'Bom Combate' (Contraponto, 2006).
terça-feira, 28 de outubro de 2008
O ensino à distância e a Universidade distante
No período colonial, nos foi proibido o ensino superior. Sociedade escravocrata, monocultura baseada no latifúndio e universidade, de fato, formariam uma combinação esdrúxula. Já nos alvores da independência e do período imperial, por força de muitas circunstâncias históricas, este nasceria com o fim estrito de manter a ordem colonial: poucas escolas, ensino de elite e profissões tradicionais. Formação universitária mesmo, só na Europa.
Com a república, pensou-se finalmente ter conquistado o direito de termos a nossa universidade. Mas muitos projetos minguaram, prevalecendo aquele que melhor se adequava às condições particulares de uma sociedade capitalista periférica e subordinada.
No período dos ditadores militares e civis, a demanda crescente pelo ensino superior tornou famoso o episódio dos "excedentes", capítulo importante de uma longa história de "fechamento" da universidade pública de qualidade para a grande maioria da população brasileira e de expansão do ensino superior privado de qualidade reconhecidamente precária, em muitos casos, verdadeiras fábricas de certificados e diplomas.
Nos anos de 1990, essa lógica se ampliou. No entanto, a demanda pelas vagas de nível superior, numa sociedade que consolidava sua condição subordinada, abandonando de uma vez por todas qualquer pretensão de soberania nacional com as famigeradas reformas neoliberais, também se modificou. Passou a significar condição mínima de disputa por um lugar ao sol, ainda que tivesse se distanciado cada vez mais da qualidade. O forte apelo salvacionista fez com que o título se tornasse mais importante do que a formação, que se precarizou.
Mas a universidade dita elitista permaneceu, desta vez disfarçada também em seu próprio interior . Promoveu-se a aparência de uma suposta democratização, com abertura de vagas , cursos noturnos , cursos de perfil " técnico ", rápidos , aligeirados, estratagemas deliberados para a incorporação de públicos mais pobres que "batiam à sua porta ". O ensino superior brasileiro , em especial as universidades públicas, caracteriza- se hoje por uma ampla segmentação entre instituições , bem como por uma hierarquização que separa as áreas "tradicionais", de " elite ", das demais , menos afetas à lógica mercantil e pouco importantes quando se trata de um país periférico .
É nesse contexto que a elite brasileira, adotando estratégias que "deram certo" em outras realidades históricas, pôs em prática sua mais nova reforma para o ensino superior: a do ensino à distância. Como a sociedade capitalista necessita que camadas sociais, cada vez menos desprovidas de acesso à renda, atinjam a escala social dos que "batem à porta" da universidade, criou-se um ardiloso mecanismo para incorporá-los, não pelas portas dos fundos como nos já conhecidos processos de expansão de vagas (mercantilização, REUNI, expansão das estaduais paulistas etc.), mas pela sua distinção: inclusão à distância! Que "venham" para a universidade, ficando o mais longe possível dela. Com esta nova cara, até os muros da universidade tornam-se antiquados: se o isolamento dos campi outrora simbolizava o caráter elitista da nossa universidade, agora, com o campus virtual, transfere-se esta privação ao próprio indivíduo como se se dissolvessem as distâncias físicas e sociais, agora maiores do que nunca.
Numa era em que o modo de produção capitalista exacerba todas as suas contradições , produzindo desigualdades brutais e barbárie , tudo pode e deve ser "consumido" por meio do espetáculo virtual : o medo , o prazer , o sonho . Quem não pode ter acesso ao objeto real , ao menos deve contentar-se em consumir o sonho de poder tê-lo. Na educação superior, cria-se uma espécie de ensino delivery, misto de formação precária com as pompas e, quem sabe, as prerrogativas do diploma, nada mais do que o mundo atual necessita. Mas, do que necessita a sociedade brasileira?
Ao invés de dar vivas ao ensino à distância, sem atentar para suas possíveis conseqüências negativas, é hora de reavaliarmos que tipo de ensino queremos para atender as históricas deficiências de formação e qualidade no nível superior. Ensino de qualidade se faz, antes de tudo, com garantia de condições objetivas: infra-estrutura, planos de carreira para docentes e funcionários, financiamento público adequado e assistência estudantil.
Lalo Watanabe Minto - outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Em homengem ao cidadão mais piretico que conheco: Poeta Plebeu .. ou Playboy .. !!?
Poeta: Leovigildo. Pra esclarecer as coisas: esse poeta me viu num show "suspeitoso"e questionou minha persona poética, pelo que escreveu esse poema ou escárnio.
eu vi um poeta,
mas nao vi a essência
tanta inteligência
ao som da baianidade nagô
seja pirético ou seja poético
seja eclético!
reggae, samba, ruts, axé
o que vale é viver
no vai e vem da maré
já sacudiu, já abalou,
tem cheiro de amor no ar.
eu vi um poeta,
mas nao vi a essência
tanta inteligência
ao som da baianidade nagô
seja pirético ou seja poético
seja eclético!
reggae, samba, ruts, axé
o que vale é viver
no vai e vem da maré
já sacudiu, já abalou,
tem cheiro de amor no ar.
domingo, 26 de outubro de 2008
Ciranda de Maluco
Otto
Ciranda de maluco aqui de pernambuco
É bom demais
Ciranda de maluco aqui em pernambuco
É bom demais
A gente acende, aperta, acocha, beija
A nega a noite inteira (negro a rodar)
A gente aperta, acende, acocha, beija
A nega a noite inteira (negro a rodar)
Roda mundo, negro a rodar
Roda mundo, negro a rodar
Roda mundo, negro a rodar
Roda mundo, negro a rodar
sábado, 25 de outubro de 2008
Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
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A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
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A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
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A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
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A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
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A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
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A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
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A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
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A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(1972)
Faz parte do desejo
Vê-la ajeitar o cabelo
Ao perceber meu olhar
Faz parte do jogo
Dar-me as costas em seguida
Desaparecer por meia hora
Faz parte do encanto
Surgir agitada
Com sorrisos sinceros
Faz parte da vida
Ir até ela
Fazer-lhe elogios
Cheirar seu cabelo
Faz parte do amor
Na manhã do outro dia
Escrever um simples poema
Lembrando do beijo
Comentário do Digníssimo: Escrevo para parar de suar!
Vê-la ajeitar o cabelo
Ao perceber meu olhar
Faz parte do jogo
Dar-me as costas em seguida
Desaparecer por meia hora
Faz parte do encanto
Surgir agitada
Com sorrisos sinceros
Faz parte da vida
Ir até ela
Fazer-lhe elogios
Cheirar seu cabelo
Faz parte do amor
Na manhã do outro dia
Escrever um simples poema
Lembrando do beijo
Comentário do Digníssimo: Escrevo para parar de suar!
Alan Greenspan se diz atônito por crise financeira que não conseguiu prever
Washington, 23 out (EFE).- O ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) Alan Greenspan e outros ex-responsáveis pela supervisão do sistema financeiro nos Estados Unidos se declararam hoje surpresos com o "tsunami do setor do crédito" que atinge o país e que não souberam prever.
Hoje, em um comparecimento perante o Comitê de Supervisão e Reforma do Governo, na Câmara de Representantes, Greenspan disse que os mercados deveriam ter sido mais regulados, e reconheceu que esteve "parcialmente" errado quando apostou na falta de controle.
O presidente do Comitê, o democrata Henry Waxman, da Califórnia, acusou Greenspan de ter tido "em suas mãos a autoridade para impedir as práticas de empréstimo irresponsáveis que levaram à crise das hipotecas de alto risco".
"Muitos aconselharam o senhor que assim o fizesse", acrescentou. "E agora toda a nossa economia paga o preço".
Hoje, Greenspan - que esteve no comando do Fed entre 1987 e 2006 - afirmou que as empresas e mercados financeiros "deveriam estar muito mais regulados para impedir o pior tsunami financeiro do último século".
Durante o período no qual Greenspan liderou o Fed, se acelerou nos EUA o processo de falta de regulação, enquanto nos mercados financeiros se multiplicaram os sofisticados "instrumentos" de investimento especulativo.
Greenspan, que hoje esteve acompanhado pelo ex-secretário do Tesouro John Snow e pelo presidente da Comissão de Valores, Christopher Cox, reconheceu durante a sessão que esteve "parcialmente errado" quando se opôs à regulação de alguns aspectos da especulação financeira.
Em discurso em maio de 2005, Greenspan afirmou em seu estilo característico que "a regulação particular demonstrou que é muito mais adequada que a regulação governamental para constranger a excessiva tomada de riscos".
"Os que confiam no interesse das instituições pessoais que fazem empréstimos em proteger o patrimônio do acionista - inclusive eu - estão atônitos e não podemos acreditar", afirmou hoje.
Por outro lado, Cox reconheceu que os responsáveis governamentais pela vigilância e pela regulação dos mercados financeiros cometeram "erros fatais" que levaram o sistema financeiro global à beira do caos.
O funcionário afirmou que ele e outros dirigentes de entidades reguladoras "aprenderam muitas lições, e a principal é que a regulação voluntária não funciona".
O presidente da Comissão de Valores instou o Congresso a "tapar os buracos nas regulações" que continuam colocando em perigo a estabilidade econômica.
"As lições desta crise do crédito apontam, todas, para a necessidade de uma regulação forte e eficaz, mas sem grandes buracos", declarou Cox.
Até aqui, o Governo dos EUA assumiu o controle de entidades hipotecárias como a Freddie Mac e a Fannie Mae, nacionalizou parte do negócio de seguros com sua intervenção na American International Group (AIG), iniciou a compra de ações em bancos particulares e garantiu letras de câmbio comerciais em esforços para destravar o crédito.
Com isto, tentou devolver a confiança aos mercados e reaquecer o mercado de crédito, que está desacelerado.
Além disso, a crise financeira está prejudicando também as famílias, que enfrentam execuções sem precedentes de hipotecas e a queda dos preços de propriedades e de outros ativos.
Hoje, em um comparecimento perante o Comitê de Supervisão e Reforma do Governo, na Câmara de Representantes, Greenspan disse que os mercados deveriam ter sido mais regulados, e reconheceu que esteve "parcialmente" errado quando apostou na falta de controle.
O presidente do Comitê, o democrata Henry Waxman, da Califórnia, acusou Greenspan de ter tido "em suas mãos a autoridade para impedir as práticas de empréstimo irresponsáveis que levaram à crise das hipotecas de alto risco".
"Muitos aconselharam o senhor que assim o fizesse", acrescentou. "E agora toda a nossa economia paga o preço".
Hoje, Greenspan - que esteve no comando do Fed entre 1987 e 2006 - afirmou que as empresas e mercados financeiros "deveriam estar muito mais regulados para impedir o pior tsunami financeiro do último século".
Durante o período no qual Greenspan liderou o Fed, se acelerou nos EUA o processo de falta de regulação, enquanto nos mercados financeiros se multiplicaram os sofisticados "instrumentos" de investimento especulativo.
Greenspan, que hoje esteve acompanhado pelo ex-secretário do Tesouro John Snow e pelo presidente da Comissão de Valores, Christopher Cox, reconheceu durante a sessão que esteve "parcialmente errado" quando se opôs à regulação de alguns aspectos da especulação financeira.
Em discurso em maio de 2005, Greenspan afirmou em seu estilo característico que "a regulação particular demonstrou que é muito mais adequada que a regulação governamental para constranger a excessiva tomada de riscos".
"Os que confiam no interesse das instituições pessoais que fazem empréstimos em proteger o patrimônio do acionista - inclusive eu - estão atônitos e não podemos acreditar", afirmou hoje.
Por outro lado, Cox reconheceu que os responsáveis governamentais pela vigilância e pela regulação dos mercados financeiros cometeram "erros fatais" que levaram o sistema financeiro global à beira do caos.
O funcionário afirmou que ele e outros dirigentes de entidades reguladoras "aprenderam muitas lições, e a principal é que a regulação voluntária não funciona".
O presidente da Comissão de Valores instou o Congresso a "tapar os buracos nas regulações" que continuam colocando em perigo a estabilidade econômica.
"As lições desta crise do crédito apontam, todas, para a necessidade de uma regulação forte e eficaz, mas sem grandes buracos", declarou Cox.
Até aqui, o Governo dos EUA assumiu o controle de entidades hipotecárias como a Freddie Mac e a Fannie Mae, nacionalizou parte do negócio de seguros com sua intervenção na American International Group (AIG), iniciou a compra de ações em bancos particulares e garantiu letras de câmbio comerciais em esforços para destravar o crédito.
Com isto, tentou devolver a confiança aos mercados e reaquecer o mercado de crédito, que está desacelerado.
Além disso, a crise financeira está prejudicando também as famílias, que enfrentam execuções sem precedentes de hipotecas e a queda dos preços de propriedades e de outros ativos.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Pense livre (em homenagem a Richard Stallman, fundador do movimento de software livre)
Richard Stallman
Poeta: Messiê, ativista do movimento de software livre.
Se não costuma roubar
reinicie sua mente
os gênios da tecnologia
querem lhe incluir
sem lhe cobrar
Inclusão social é preciso
dê uma chance ao
movimento de libertação
Eles vão inventar,
como os politicos fazem
querem lhe convencer
a não tentar
A nova era
somos nós
surge o novo,
deixe livre
Assista: http://www.4linux.com.br/multimidia/tela-azul.html
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Bem lenta
Dedico a Saulo Silva, mais louco que eu ou muito menos certo
hum
Poetiza: Maria Cecília
A loucura banalizada, noticiada na tv
A loucura retratada na arte de viver
A loucura sadia dos poetas e pintores
A loucura mais louca dos amantes sem pudores
A loucura decifrada nos livros de freud
Tipificada nos códigos penais
A minha loucura livre de moldes
A loucura de humanos, reprimidos animais
A loucura banalizada, noticiada na tv
A loucura retratada na arte de viver
A loucura sadia dos poetas e pintores
A loucura mais louca dos amantes sem pudores
A loucura decifrada nos livros de freud
Tipificada nos códigos penais
A minha loucura livre de moldes
A loucura de humanos, reprimidos animais
Arte minha e de Thiago Santana
Olhos de mar!
A vida sem identidade,
A espuma como margem,
Um ponto brilhante,
Talvez o Sol
Ou seu reflexo na Lua.
Olhos olhando-os!
À deriva
Sobre a corrente úmida.
Os ventos agradecem o calor,
Os corpos reclamam.
Se unem no ato,
Buscam exaurir
Todos os sentimentos
Que estavam adormecidos,
Os mais profundos e iníquos,
E solenemente eles cantam
Uma canção universal
Olhos de mar!
A vida sem identidade,
A espuma como margem,
Um ponto brilhante,
Talvez o Sol
Ou seu reflexo na Lua.
Olhos olhando-os!
À deriva
Sobre a corrente úmida.
Os ventos agradecem o calor,
Os corpos reclamam.
Se unem no ato,
Buscam exaurir
Todos os sentimentos
Que estavam adormecidos,
Os mais profundos e iníquos,
E solenemente eles cantam
Uma canção universal
Não deixe de ler
De aorcdo com uma peqsiusa
de uma uinrvesriddae ignlsea,
não ipomtra em qaul odrem as
Lteras de uma plravaa etãso,
a úncia csioa iprotmatne é que
a piremria e útmlia Lteras etejasm
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser
uma bçguana ttaol, que vcoê
anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos
cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa
cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.
Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito. 35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
de uma uinrvesriddae ignlsea,
não ipomtra em qaul odrem as
Lteras de uma plravaa etãso,
a úncia csioa iprotmatne é que
a piremria e útmlia Lteras etejasm
no lgaur crteo. O rseto pdoe ser
uma bçguana ttaol, que vcoê
anida pdoe ler sem pobrlmea.
Itso é poqrue nós não lmeos
cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa
cmoo um tdoo.
Sohw de bloa.
Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito. 35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5!
Saindo de Marx, caindo no "arg"
Primeiro parágrafo do livro "Sentença Civil Imotivada" de Wilson Alves de Souza:
"O homem vive e convive em sociedade. Para que a vida humana ocorra com um mínimo de harmonia necessário se faz que a sociedade se organize. A organização da sociedade, de outro ldo, não pode dispensar a instituição do poder. É que considerando a condição humana e que os bens da vida existentes na face da terra são infinitamente inferiores às necessidades humanas, e tendo em vista que os homens nem sempre se apresentam solidários uns com os outros, surge o conflito. Assim, impõe-se a organização da sociedade a partir do poder. Por outras palavras, os bens existentes (limitados) precisam ser distribuídos entre as pessoas (com necessidades ilimitadas) de forma organizada, de maneira que dentre os componentes da sociedade humana uns se apresentarão como dirigentes e outros como dirigidos."
"O homem vive e convive em sociedade. Para que a vida humana ocorra com um mínimo de harmonia necessário se faz que a sociedade se organize. A organização da sociedade, de outro ldo, não pode dispensar a instituição do poder. É que considerando a condição humana e que os bens da vida existentes na face da terra são infinitamente inferiores às necessidades humanas, e tendo em vista que os homens nem sempre se apresentam solidários uns com os outros, surge o conflito. Assim, impõe-se a organização da sociedade a partir do poder. Por outras palavras, os bens existentes (limitados) precisam ser distribuídos entre as pessoas (com necessidades ilimitadas) de forma organizada, de maneira que dentre os componentes da sociedade humana uns se apresentarão como dirigentes e outros como dirigidos."
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Não sei dançar
Manuel Bandeira (Petrópolis, 1925)
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás...
Esta foi açafata...
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal:
Tão Brasil!
De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugelê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral,
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...
Mas ela não sabe...
Tão Brasil!
Ninguém se lembra de política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.
Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz band.
Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.
Mistura muito excelente de chás...
Esta foi açafata...
- Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal:
Tão Brasil!
De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...
Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugelê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral,
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...
Mas ela não sabe...
Tão Brasil!
Ninguém se lembra de política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!
Não dá mais pra segurar (Explode Coração)
Gonzaguinha
Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não quero mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar
Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar
E tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã
Nascendo, rompendo, tomando, rasgando, meu corpo e então eu
Chorando, sorrindo, sofrendo, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Eu quero o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração
Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não quero mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar
Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar
E tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã
Nascendo, rompendo, tomando, rasgando, meu corpo e então eu
Chorando, sorrindo, sofrendo, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Eu quero o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar
Explode coração
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Comungue comigo!
A IMPLEMENTAÇÃO DO REUNI E AS CONSEQÜÊNCIAS PARA A UNIVERSIDADE PÚBLICA BRASILEIRA
No dia 24 de abril de 2007 o Governo Federal instituiu o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) por Decreto Presidencial (Decreto Nº 6.096). Esse programa foi aprovado em cada instituição, pelos Conselhos Universitários, mediante enfrentamentos e conflitos. Estamos vivenciando a sua implementação e verificamos que os velhos problemas – falta de professores, segurança, assistência estudantil, condições objetivas de aulas, segurança, infra-estrutura – não foram sanados, mas o trabalho dos servidores técnico–administrativos aumentou, o trabalho docente aumentou, sem a justa recomposição salarial. Tivemos também conhecimento dos 11 relatos de entidades estudantis e estudantes de 8 federais no Livro Cinza do REUNI – dossiê denúncia do REUNI, uma boa iniciativa que demonstra o significado prático desse decreto para as universidades federais. Foram criadas vagas para novos cursos chamados BIs (Bacharelados Interdisciplinares) que quebram os diplomas profissionais, retirando o direito dos jovens a uma profissão de verdade. As salas de aulas serão inchadas sem condições de integrar ensino-pesquisa-extensão. As metas de ampliar em 100% as vagas, aumentar a taxa de aprovação para 90% e de aumentar o índice estudante-professor para 18 estudantes para um professor, em cinco anos, não tem como serem cumpridas. Com acréscimo de recursos limitados em 20% das despesas de custeio e pessoal da universidade, conforme colocado no decreto, não se resolve o problema da recuperação do lastro científico e tecnológico do Brasil que são as Universidades Federais. Enquanto isso as reivindicações dos setores não são atendidas. Não se recupera um processo de sucateamento do ensino superior público que prevaleceu durante décadas no Brasil. Não seria a hora de discutirmos a implementação do REUNI nas federais e as conseqüências para o ensino superior público?
Precisamos fazer o debate e organizar a resistência.
Vamos debater mais esse ataque à universidade pública!
Debatedores: Celi Taffarel (FACED), D.A. Fonoaudiologia e um servidor (a confirmar).
Dia: 21 de outubro (terça-feira)
Precisamos fazer o debate e organizar a resistência.
Vamos debater mais esse ataque à universidade pública!
Debatedores: Celi Taffarel (FACED), D.A. Fonoaudiologia e um servidor (a confirmar).
Dia: 21 de outubro (terça-feira)
domingo, 19 de outubro de 2008
A Guerra do fim do mundo
Três trabalhadores rurais foram assassinados no dia 15.10.2008 em emboscada preparada por pistoleiros e, segundo fortes indícios, a mando de grileiros de terras da região da Fazenda Capivara, Monte Santo, Bahia.
Os trabalhadores se deslocavam a pé da Fazenda Capivara em direção ao Assentamento Santa Luzia da Bela Vista onde estava ocorrendo uma reunião com servidores do Incra, cujo objetivo era realizar um cadastramento para a construção de cisternas.
Os trabalhadores tinham 48, 24 e 23 anos, e se chamavam Tiago, Luiz e Josimar, respectivamente.
Os dois jovens foram mortos primeiro e seus corpos escondidos na caatinga. Tiago, que vinha caminhando sozinho, teve seu corpo deixado na estrada.
Os sepultamentos aconteceram ontem.
São essas as informações que temos no momento. A delegacia agrária, a delegacia local, o Incra e o CDA já têm ciência do ocorrido.
O clima na cidade e na zona rural é de tensão. Os trabalhadores rurais estão assustados e apreensivos, pois temem novos atentados, inclusive contra as assessorias técnicas e mobilizadores locais.
Por favor, divulguem, pois do ano passado até o presente momento, computam-se 6 assassinatos de trabalhadores rurais por aqui, por conta dos conflitos fundiários envolvendo grileiros e posseiros.
Tatiana E. Dias Gomes e João Alexandrino de Macedo Neto, Advogados.
Os trabalhadores se deslocavam a pé da Fazenda Capivara em direção ao Assentamento Santa Luzia da Bela Vista onde estava ocorrendo uma reunião com servidores do Incra, cujo objetivo era realizar um cadastramento para a construção de cisternas.
Os trabalhadores tinham 48, 24 e 23 anos, e se chamavam Tiago, Luiz e Josimar, respectivamente.
Os dois jovens foram mortos primeiro e seus corpos escondidos na caatinga. Tiago, que vinha caminhando sozinho, teve seu corpo deixado na estrada.
Os sepultamentos aconteceram ontem.
São essas as informações que temos no momento. A delegacia agrária, a delegacia local, o Incra e o CDA já têm ciência do ocorrido.
O clima na cidade e na zona rural é de tensão. Os trabalhadores rurais estão assustados e apreensivos, pois temem novos atentados, inclusive contra as assessorias técnicas e mobilizadores locais.
Por favor, divulguem, pois do ano passado até o presente momento, computam-se 6 assassinatos de trabalhadores rurais por aqui, por conta dos conflitos fundiários envolvendo grileiros e posseiros.
Tatiana E. Dias Gomes e João Alexandrino de Macedo Neto, Advogados.
Tortura de amor
Autor: Waldick Soriano
Hoje que a noite está calma
E que minh'alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora
Volta
Fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor
Fica comigo, não me desprezes
A noite é nossa
O meu amor pertence a ti
Hoje eu quero paz
Quero ternura em nossas vidas
Quero viver por toda a vida
Pensando em ti
Hoje que a noite está calma
E que minh'alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora
Volta
Fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor
Fica comigo, não me desprezes
A noite é nossa
O meu amor pertence a ti
Hoje eu quero paz
Quero ternura em nossas vidas
Quero viver por toda a vida
Pensando em ti
terça-feira, 14 de outubro de 2008
A DOUTRINA DO PENSAMENTO ÚNICO
.
SINDICATO DOS PETROLEIROS, RUA MARUJOS DO BRASIL, 20, TORORÓ
.
SALVADOR, BAHIA
.
19:00 Horas
.
ENTRADA FRANCA
RESUMO DO TEMA:
Estamos vivendo hoje um tempo de certezas (quase) absolutas. Ou melhor, um tempo em que se aparentam mais certezas do que dúvidas. Onde, após o fim da União Soviética, até mesmo o fim da história já foi estabelecido, pelo filósofo americano Francis Fukuyama, ideólogo do neoliberalismo, para quem tínhamos chegado 'ao ponto final da evolução ideológica e à universalização da democracia liberal ocidental como forma final de governo'.
.
É o tempo de algo sombrio ao qual já se nomeou de PENSAMENTO ÚNICO. O diretor do jornal Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, menos apocalíptico do que realista, aponta o que este tipo de situação traz consigo:
.
'Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião'.
.
Mostrando que uma visão crítica do mundo não serve de nada se nos leva a um beco sem saída, o próprio Ramonet participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou:
.
'Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muitos fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto'.
PROGRAMAÇÃO:
Quinta-Feira (16/10/2008)
19:00 h - Abertura
19:10 h - Controle da Mídia
Carlos Baqueiro (Graduado em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador).
Regina Guena (Graduada em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador)
20:10 h - Educação Libertária
João Neto (Mestre em Educação pela UFBA)
Eduardo Nunes (Doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona)
21:00 h - Abertura de Debate
Sexta-Feira (17/10/2008)
19:10 h - Ecologia Social
Antonio Mendes (Artesão e Auto-Didata em Ecologia e Meio Ambiente)
20:10 h - Ação Direta e Autogestão
Ricardo Liper (Mestre em Filosofia pela UFBA)
Nildo Avelino (Doutor em Ciências Políticas pela PUC-SP)
21:00 h - Abertura de Debate
21:45 h - Encerramento do Seminário.
SINDICATO DOS PETROLEIROS, RUA MARUJOS DO BRASIL, 20, TORORÓ
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SALVADOR, BAHIA
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19:00 Horas
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ENTRADA FRANCA
RESUMO DO TEMA:
Estamos vivendo hoje um tempo de certezas (quase) absolutas. Ou melhor, um tempo em que se aparentam mais certezas do que dúvidas. Onde, após o fim da União Soviética, até mesmo o fim da história já foi estabelecido, pelo filósofo americano Francis Fukuyama, ideólogo do neoliberalismo, para quem tínhamos chegado 'ao ponto final da evolução ideológica e à universalização da democracia liberal ocidental como forma final de governo'.
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É o tempo de algo sombrio ao qual já se nomeou de PENSAMENTO ÚNICO. O diretor do jornal Le Monde Diplomatic, Ignacio Ramonet, menos apocalíptico do que realista, aponta o que este tipo de situação traz consigo:
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'Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o 'pensamento único', única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião'.
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Mostrando que uma visão crítica do mundo não serve de nada se nos leva a um beco sem saída, o próprio Ramonet participando do 5º Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, em 2005, afirmou:
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'Tudo está indicando que outro tipo de comunicação é possível, que responda mais às necessidades da população do que aos interesses das grandes empresas. Neste caso, poderia pensar-se em um meio de coletar toda essa informação que é produzida e disseminá-la de modo mais efetivo. Quando cada um trabalha por si, somos muitos fracos, é preciso que todos trabalhemos em conjunto'.
PROGRAMAÇÃO:
Quinta-Feira (16/10/2008)
19:00 h - Abertura
19:10 h - Controle da Mídia
Carlos Baqueiro (Graduado em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador).
Regina Guena (Graduada em Jornalismo pela Faculdade da Cidade do Salvador)
20:10 h - Educação Libertária
João Neto (Mestre em Educação pela UFBA)
Eduardo Nunes (Doutor em Geografia pela Universidade de Barcelona)
21:00 h - Abertura de Debate
Sexta-Feira (17/10/2008)
19:10 h - Ecologia Social
Antonio Mendes (Artesão e Auto-Didata em Ecologia e Meio Ambiente)
20:10 h - Ação Direta e Autogestão
Ricardo Liper (Mestre em Filosofia pela UFBA)
Nildo Avelino (Doutor em Ciências Políticas pela PUC-SP)
21:00 h - Abertura de Debate
21:45 h - Encerramento do Seminário.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
Back in Bahia
Gilberto Gil
Lá em Londres, vez em quando me sentia longe daqui
Vez em quando, quando me sentia longe, dava por mim
Puxando o cabelo nervoso, querendo ouvir Celly Campelo pra não cair
Naquela fossa em que vi um camarada meu de Portobello cair
Naquela falta de juízo que eu não tinha nem uma razão pra curtir
Naquela ausência de calor, de cor, de sal, de sol, de coração pra sentir
Etc...Tanta saudade preservada num velho baú de prata dentro de mim
Digo num baú de prata porque prata é a luz do luar
Do luar que tanta falta me fazia junto com o mar
Mar da Bahia cujo verde vez em quando me fazia bem relembrar
Tão diferente do verde também tão lindo dos gramados campos de lá
Ilha do Norte onde não sei se por sorte ou por castigo dei de parar
Por algum tempo que afinal passou depressa, como tudo tem de passar
Hoje eu me sinto como se ter ido fosse necessário para voltar
Tanto mais vivo de vida mais vivida, dividida pra lá e pra cá
Mamãe eu sei como é gostoso mamar!
Sirvam-se dos vermes!
É hilário
Amar sem conhecer,
Refutar sem entender,
Rir sem motivo.
É medíocre
Desprezar ao primeiro impasse,
Aceitar-se como exemplo de verdade,
Cortar os pulsos.
É imbecil
Plantar azaléias no vácuo,
Esperar palavras de um asno,
Classificar deuses e endeusados.
É bizarro,
É doentio,
Mas quem disse que não poderia ser?
Dedicado a uma das criaturas mais invejosas do mundo! Pobre capitalistinha!
Amar sem conhecer,
Refutar sem entender,
Rir sem motivo.
É medíocre
Desprezar ao primeiro impasse,
Aceitar-se como exemplo de verdade,
Cortar os pulsos.
É imbecil
Plantar azaléias no vácuo,
Esperar palavras de um asno,
Classificar deuses e endeusados.
É bizarro,
É doentio,
Mas quem disse que não poderia ser?
Dedicado a uma das criaturas mais invejosas do mundo! Pobre capitalistinha!
No próximo dia 10 de outubro haverá manifestações em várias capitais brasileiras e em outros países da América Latina.
Será o dia de Solidariedade ao Povo do Haiti.
Neste dia, manifestações exigirão das Autoridades brasileiras a retirada das tropas militares de invasão do País irmão.
No próximo dia 15 de outubro vence a licença que o Congresso Nacional brasileiro deu ao Poder Executivo para enviar as tropas.
Por isso, devemos exigir de Lula que não renove a licença, que retire imediatamente as tropas doHaiti.
Em Salvador, o ato será dia 10/10 às 16:00 h na Praça da Piedade.
Participe!
Defender o Haiti é defender a nós mesmo!!!
Será o dia de Solidariedade ao Povo do Haiti.
Neste dia, manifestações exigirão das Autoridades brasileiras a retirada das tropas militares de invasão do País irmão.
No próximo dia 15 de outubro vence a licença que o Congresso Nacional brasileiro deu ao Poder Executivo para enviar as tropas.
Por isso, devemos exigir de Lula que não renove a licença, que retire imediatamente as tropas doHaiti.
Em Salvador, o ato será dia 10/10 às 16:00 h na Praça da Piedade.
Participe!
Defender o Haiti é defender a nós mesmo!!!
domingo, 12 de outubro de 2008
Verde
Autor: Saulo Silva
Foi um sonho
Que virou realidade
Um mar verde encantava
Depois de longas caminhadas
Mãos infantis abraçadas
Sorrisos mágicos no mato!!
Cachoeiras e rios
Trilha e sonora...
Um espetáculo...
Natural
As paisagens
E as amizades
Trilhas de verde e de verdade
E o sonho...
Verde realidade!!
Olhos e pele sobre o Vale
Sede e vontade
Toques marcantes
Beijos fortes e suaves
Planícies e montanhas
Sono profundo
E um só mundo
Acorda...que susto!!
Onde estou?
Foi um sonho
Que virou realidade
Um mar verde encantava
Depois de longas caminhadas
Mãos infantis abraçadas
Sorrisos mágicos no mato!!
Cachoeiras e rios
Trilha e sonora...
Um espetáculo...
Natural
As paisagens
E as amizades
Trilhas de verde e de verdade
E o sonho...
Verde realidade!!
Olhos e pele sobre o Vale
Sede e vontade
Toques marcantes
Beijos fortes e suaves
Planícies e montanhas
Sono profundo
E um só mundo
Acorda...que susto!!
Onde estou?
A turbulência econômica A crise em cordel
Nando Poeta, de São Paulo (SP)*
I
1929 estourou a depressão
A economia do mundo
Caiu toda pelo chão
Os bancos sem fundo
Teve uma grande explosão
E o capital ficou moribundo
II
A grande depressão
Foi a maldição do século vinte
Causando uma grande inflação
Deixando a massa pedinte
A 2ª guerra foi a ação
Será agora o passo seguinte?
III
A superprodução
É uma doença do capital
Agora na globalização
A crise é fenomenal
Toda a produção
Gera crescimento artificial
IV
A crise econômica americana
Faliu o crédito hipotecário
Botou abaixo a velha doutrina
Saindo no jornal diário
Mais um império em ruína
Dos megas bilionários
V
O sistema financeiro bichado
Com o Fed, o banco central
Com seus papeis arriscado
Que já não vale o metal
Pois seus títulos lastreados
Agora é o eixo do mal
VI
O galope da inflação
Puxa a crise no planeta
Engordaram com a especulação
Mamaram muito nas tetas
Agora querem que a população
Aceite suas receitas
VII
A taxa cai e sobe
O mercado fica nervoso
O prejuízo eles não cobre
O crack é perigoso
Assustados estão os nobres
Com acorda no pescoço
VIII
Em Brasiléia foi o marco
Com os 22 princípios básicos
Que se revelou ser um caco
Transformando tudo em trágico
O liberalismo vai ao mato
Para salvar somente o mágico
IX
A mão invisível do capital
Que regularia a economia
Agora ta passando mal
Levando abaixo a teoria
De todo projeto neoliberal
Que não se provou no dia-a-dia
X
O Capital dizia
Não é papel do Estado
Intervir na economia
Agora mudou o palavreado
Para a verba pública é fria
É assalto declarado
XI
O acordo de Brasiléia
Limita a soma do dinheiro
Mas os acordões de assembléia
Aprovará muito ligeiro
A coisa como ta feia
A grana virá do estrangeiro
XII
O tão falado megapacote
Estar sendo preparado
Dinheiro enchendo o pote
Que do povo foi roubado
Assaltar é sempre o mote
Desse capitalismo safado
XIII
O plano do tesouro
É injetar dinheiro público
Ao bandido todo o ouro
Ao explorado o suplico
Até tirar do corpo o couro
Pra sempre ganhar o rico
XIV
O pacote saneador
De 700 bilhões de dólar
Dizem ser o salvador
Pra banqueiro perdoar
Realmente o Trabalhador
Que a conta irá pagar
XV
Bush da Casa Branca
Com McCain e Obama
Depois da conversa franca
Organizaram uma trama
Os deputados botaram banca
E Bush Caiu da cama
XVI
O plano de Salvação
Proposto por Bush Filho
De olho na eleição
Deputados não deram milho
Aprovaram a rejeição
E a USA ficou sem trilho
XVII
Por 228 votos a 205
O pacote foi rejeitado
E Bush apertou o cinto
Malandragem de deputado
Que disse pro povo não minto
Só visando ser bem votado
XVIII
Passando a eleição
Com o pacote maquiado
Deputados aprovarão D
eixarão tudo de lado
Será feito um acórdão
Com apoio do senado
XIX
A grande queda do crédito
Aumentou o endividamento
A crise é o veredicto
Da miséria em andamento
O capitalismo não é mito
Demonstrou ser um tormento
XX
Wall Street em colapso
Feriu a superpotência
Ajuda pensa ser o passo
Pra sair da impotência
O capital nos seus tropeços
Vive hoje na insolvência
XXI
A economia em pânico
Mergulhou na quebradeira
Afundando feito Titanic
Salvar nem a feiticeira
Apesar de que é cíclico
O mercado desse a ladeira
XXII
É bolsa na agonia
Especulador no aperreio
Acordado noite e dia
Perturbando seu passeio
Os investidores na moradia
Agora já não é seu meio
XXIII
As bolsas em queda
E a maior seguradora
Nem com pára-quedas
A ajuda é protetora
Rombo que não se veda
A abertura é arrasadora
XXIV
Dinheiro em grande volume
Escapando pelo ralo
Voando como vaga-lume
Ou galopando a cavalo
O especulador não assume
O prejuízo desse embalo
XXV
O liberalismo em xeque
Fruto da recessão profunda
Assinado em branco o cheque
O mercado mais afunda
Brincar feito moleque
O império cai de bunda
XXVI
O declínio do império
As bolsas ficam no vermelho
O câmbio vai pro cemitério
Revelando-se bem no espelho
Que a crise não tem mistério
Já é casa sem ferrolho
XXVII
BRIC, países emergentes
Pensam que estão por fora
Mas por serem subservientes
Chegará a sua hora
Cairão lá do batente
Murcharão a sua bola
XXVIII
Da china ao Brasil
Mergulhará na turbulência
Acelerado a mil
Sofrerá as conseqüências
De uma política de funil
Aprovada por “excelências”
XXIX
O estouro da bolha
Os negócios foram pra china
Os preços caíram feito folha
A produção diminuiu na mina
Já tem rico jogando a toalha
E a queda será a sina
XXX
A crise econômica virá
O Brasil não é brindado
Quem viver verá
Pedaço pra todo lado
Lula pela frente dirá
Já foi tudo dominado
XXXI
A economia brasileira
Já está sendo afetada
A falta de crédito é a primeira
Situação localizada
Lula deixe de besteira
A dívida externa é uma facada
XXXII
Os estoques de investimentos
De capital estrangeiro
A qualquer um dos momentos
Pode fugir tão ligeiro
Com a economia em sofrimento
E o Brasil a perder dinheiro
XXXIII
Dependentes dos Estados Unidos
A economia do mundo inteiro
É China, Brasil, reino amigo
Alimentando esses banqueiros
Eh, na crise não é proibido
O governo injetar dinheiro
XXXIV
Com o capital fictício
O trabalho nunca ganha
A burguesia e seus vícios
É quem mais barganha
Pra sair do precipício
Luta de classe é a façanha
XXXV
O crédito consignado
Endividou muitas famílias
Aquilo que era fiado
Transformou- se numa pilha
De dividas para todo lado
Deixando a massa maltrapilha
XXXVI
Expropriar o agronegócio
A dívida não mais pagar
Retirar dos velhos sócios
A ganância de explorar
Construir outro negócio
Pra quem vive a trabalhar
XXXVII
O sistema bancário
Terá que ser estatizado
O poder do Operário
Tudo será organizado
Para construir um ideário
Que defenda o explorado
XXXVIII
O Sistema estatizado
A economia dará salto
O poder de nosso lado
Não terá mais o assalto
Trabalhador no seu estado
É emancipação no alto
XXXIX
A reação de quem trabalha
Terá que ser com muita luta
Cortando o mal com a navalha
Fortalecendo quem labuta
Pra derrotar a grande falha
E cobrar de volta a multa
XL
A crise do sistema
Não é só de regulação
Nem a moral é o problema
É capitalismo em desagregação
É capital em queima
É o sistema em explosão
XLI
O socialismo é saída
É hora de levantar bandeira
Pra defender a classe oprimida
Da barbárie que é certeira
Com a burguesia caída
Surge a alternativa verdadeira
XLII
Norte-bushianos
A pobreza é teu viver
Nenhum desses teus planos
Dará ao povo o que comer
Organizando se preciso em anos
Para derrubar o teu poder
Oprimidos, levantam e vamos
Emancipar, se proteger
Trabalhadores mais nunca engano
Agora é a hora de vencer
FICHA
Nome: A turbulência econômica
Tema: Política
Autor: Nando Poeta
Local: São Paulo (SP)
Data: Setembro de 2008
Estrofes: 41 de seis versos (sextilhas)
Final: Uma estrofe em acróstico NANDOPOETA
I
1929 estourou a depressão
A economia do mundo
Caiu toda pelo chão
Os bancos sem fundo
Teve uma grande explosão
E o capital ficou moribundo
II
A grande depressão
Foi a maldição do século vinte
Causando uma grande inflação
Deixando a massa pedinte
A 2ª guerra foi a ação
Será agora o passo seguinte?
III
A superprodução
É uma doença do capital
Agora na globalização
A crise é fenomenal
Toda a produção
Gera crescimento artificial
IV
A crise econômica americana
Faliu o crédito hipotecário
Botou abaixo a velha doutrina
Saindo no jornal diário
Mais um império em ruína
Dos megas bilionários
V
O sistema financeiro bichado
Com o Fed, o banco central
Com seus papeis arriscado
Que já não vale o metal
Pois seus títulos lastreados
Agora é o eixo do mal
VI
O galope da inflação
Puxa a crise no planeta
Engordaram com a especulação
Mamaram muito nas tetas
Agora querem que a população
Aceite suas receitas
VII
A taxa cai e sobe
O mercado fica nervoso
O prejuízo eles não cobre
O crack é perigoso
Assustados estão os nobres
Com acorda no pescoço
VIII
Em Brasiléia foi o marco
Com os 22 princípios básicos
Que se revelou ser um caco
Transformando tudo em trágico
O liberalismo vai ao mato
Para salvar somente o mágico
IX
A mão invisível do capital
Que regularia a economia
Agora ta passando mal
Levando abaixo a teoria
De todo projeto neoliberal
Que não se provou no dia-a-dia
X
O Capital dizia
Não é papel do Estado
Intervir na economia
Agora mudou o palavreado
Para a verba pública é fria
É assalto declarado
XI
O acordo de Brasiléia
Limita a soma do dinheiro
Mas os acordões de assembléia
Aprovará muito ligeiro
A coisa como ta feia
A grana virá do estrangeiro
XII
O tão falado megapacote
Estar sendo preparado
Dinheiro enchendo o pote
Que do povo foi roubado
Assaltar é sempre o mote
Desse capitalismo safado
XIII
O plano do tesouro
É injetar dinheiro público
Ao bandido todo o ouro
Ao explorado o suplico
Até tirar do corpo o couro
Pra sempre ganhar o rico
XIV
O pacote saneador
De 700 bilhões de dólar
Dizem ser o salvador
Pra banqueiro perdoar
Realmente o Trabalhador
Que a conta irá pagar
XV
Bush da Casa Branca
Com McCain e Obama
Depois da conversa franca
Organizaram uma trama
Os deputados botaram banca
E Bush Caiu da cama
XVI
O plano de Salvação
Proposto por Bush Filho
De olho na eleição
Deputados não deram milho
Aprovaram a rejeição
E a USA ficou sem trilho
XVII
Por 228 votos a 205
O pacote foi rejeitado
E Bush apertou o cinto
Malandragem de deputado
Que disse pro povo não minto
Só visando ser bem votado
XVIII
Passando a eleição
Com o pacote maquiado
Deputados aprovarão D
eixarão tudo de lado
Será feito um acórdão
Com apoio do senado
XIX
A grande queda do crédito
Aumentou o endividamento
A crise é o veredicto
Da miséria em andamento
O capitalismo não é mito
Demonstrou ser um tormento
XX
Wall Street em colapso
Feriu a superpotência
Ajuda pensa ser o passo
Pra sair da impotência
O capital nos seus tropeços
Vive hoje na insolvência
XXI
A economia em pânico
Mergulhou na quebradeira
Afundando feito Titanic
Salvar nem a feiticeira
Apesar de que é cíclico
O mercado desse a ladeira
XXII
É bolsa na agonia
Especulador no aperreio
Acordado noite e dia
Perturbando seu passeio
Os investidores na moradia
Agora já não é seu meio
XXIII
As bolsas em queda
E a maior seguradora
Nem com pára-quedas
A ajuda é protetora
Rombo que não se veda
A abertura é arrasadora
XXIV
Dinheiro em grande volume
Escapando pelo ralo
Voando como vaga-lume
Ou galopando a cavalo
O especulador não assume
O prejuízo desse embalo
XXV
O liberalismo em xeque
Fruto da recessão profunda
Assinado em branco o cheque
O mercado mais afunda
Brincar feito moleque
O império cai de bunda
XXVI
O declínio do império
As bolsas ficam no vermelho
O câmbio vai pro cemitério
Revelando-se bem no espelho
Que a crise não tem mistério
Já é casa sem ferrolho
XXVII
BRIC, países emergentes
Pensam que estão por fora
Mas por serem subservientes
Chegará a sua hora
Cairão lá do batente
Murcharão a sua bola
XXVIII
Da china ao Brasil
Mergulhará na turbulência
Acelerado a mil
Sofrerá as conseqüências
De uma política de funil
Aprovada por “excelências”
XXIX
O estouro da bolha
Os negócios foram pra china
Os preços caíram feito folha
A produção diminuiu na mina
Já tem rico jogando a toalha
E a queda será a sina
XXX
A crise econômica virá
O Brasil não é brindado
Quem viver verá
Pedaço pra todo lado
Lula pela frente dirá
Já foi tudo dominado
XXXI
A economia brasileira
Já está sendo afetada
A falta de crédito é a primeira
Situação localizada
Lula deixe de besteira
A dívida externa é uma facada
XXXII
Os estoques de investimentos
De capital estrangeiro
A qualquer um dos momentos
Pode fugir tão ligeiro
Com a economia em sofrimento
E o Brasil a perder dinheiro
XXXIII
Dependentes dos Estados Unidos
A economia do mundo inteiro
É China, Brasil, reino amigo
Alimentando esses banqueiros
Eh, na crise não é proibido
O governo injetar dinheiro
XXXIV
Com o capital fictício
O trabalho nunca ganha
A burguesia e seus vícios
É quem mais barganha
Pra sair do precipício
Luta de classe é a façanha
XXXV
O crédito consignado
Endividou muitas famílias
Aquilo que era fiado
Transformou- se numa pilha
De dividas para todo lado
Deixando a massa maltrapilha
XXXVI
Expropriar o agronegócio
A dívida não mais pagar
Retirar dos velhos sócios
A ganância de explorar
Construir outro negócio
Pra quem vive a trabalhar
XXXVII
O sistema bancário
Terá que ser estatizado
O poder do Operário
Tudo será organizado
Para construir um ideário
Que defenda o explorado
XXXVIII
O Sistema estatizado
A economia dará salto
O poder de nosso lado
Não terá mais o assalto
Trabalhador no seu estado
É emancipação no alto
XXXIX
A reação de quem trabalha
Terá que ser com muita luta
Cortando o mal com a navalha
Fortalecendo quem labuta
Pra derrotar a grande falha
E cobrar de volta a multa
XL
A crise do sistema
Não é só de regulação
Nem a moral é o problema
É capitalismo em desagregação
É capital em queima
É o sistema em explosão
XLI
O socialismo é saída
É hora de levantar bandeira
Pra defender a classe oprimida
Da barbárie que é certeira
Com a burguesia caída
Surge a alternativa verdadeira
XLII
Norte-bushianos
A pobreza é teu viver
Nenhum desses teus planos
Dará ao povo o que comer
Organizando se preciso em anos
Para derrubar o teu poder
Oprimidos, levantam e vamos
Emancipar, se proteger
Trabalhadores mais nunca engano
Agora é a hora de vencer
FICHA
Nome: A turbulência econômica
Tema: Política
Autor: Nando Poeta
Local: São Paulo (SP)
Data: Setembro de 2008
Estrofes: 41 de seis versos (sextilhas)
Final: Uma estrofe em acróstico NANDOPOETA
Depois de Marx, as lições de uma velha "bruxa": 'Deus mercado virou diabo', diz economista
Os Estados Unidos precisam regular, e rápido, o seu sistema financeiro sob pena de não conseguirem controlar a atual crise e perderem sua hegemonia no setor, advertiu a economista Maria da Conceição Tavares em entrevista à Reuters.A reportagem é de Mair Pena Neto e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 25-09-2008.Estabelecer as regras do jogo é a questão-chave para estabilizar o mercado, na opinião da professora da UFRJ e da Unicamp, uma das principais vozes da economia brasileira desde a década de 1970.Mas seria interesse do capitalismo se regular? A economista avalia que, no momento, sim, pois o modelo neoliberal naufragou. "O Deus mercado virou diabo na terra do gelo."A economista vê sinais de declínio dos EUA até pelo fato de o país não estar mais sozinho, como na crise de 1929, e ter que se entender com a China."Não escreveria hoje, como escrevi em 1984, a retomada da hegemonia americana. Ou resolvem rápido essa crise ou, se deixarem para depois da eleição, não conseguem manter a hegemonia", afirmou Conceição, para emendar, taxativa: "O século XXI não será norte-americano". Leia, a seguir, mais opiniões da economista.
BANCOS
O Brasil ainda não está ameaçado. Os bancos brasileiros não estão metidos nessa ciranda. Há uma supervisão muito grande do Banco Central. Mesmo os derivativos a BM&F registra. Não tem controle de capitais, mas tem registro, o que significa que, se você quiser controlar, tem os instrumentos. As condições favoráveis do Brasil são as seguintes: bancos privados não estão metidos nessa especulação; não temos dívida externa pública; temos reservas; o problema de balanço de pagamentos é pequeno; o impacto das commodities não dá para perceber e somos muito abertos ao mundo. Temos mais comércio com a Argentina do que com os EUA. Los hermanos são mais importantes que o big brother.
ECONOMIA REAL
A crise não está na economia real. Só na Europa e no Japão, onde a ligação entre bancos e a economia real é mais forte. No caso americano, não. Há um setor da economia real americana que já começou a decadência, e por aí virá uma recessão, que é o imobiliário. Esse não tem saída. No ciclo recente, o setor que primeiro puxa a economia americana é o imobiliário, depois automóveis, os duráveis e, finalmente, o investimento. Ainda não está claro se serão afetados. O investimento das empresas depende do que vai acontecer com a Bolsa. Se ela continuar oscilando, mas não tiver uma depressão, sobrevive.
RECESSÃO
Acho que vai ter uma recessão, ninguém duvida. Mas uma coisa é uma recessão, outra é uma depressão. Não há dúvida de que ainda vai ter uma liquidação de ativos financeiros que eram fictícios. Essa parte da liquidação financeira da riqueza vai continuar e a gente não sabe até quando. A ligação entre essa crise e o setor real agora é o aperto global do crédito. Se continuar, vamos para uma recessão global. Sem crédito, não funciona capitalismo algum.
ONTEM E HOJE
A única coisa que pode dar um certo otimismo é que em 1930 os EUA estavam sozinhos, mas agora eles têm a China como parceira. Em 1930, os EUA não tinham sócios, todas as reservas do mundo estavam com eles. Agora, os EUA não têm reservas, só têm dívida. Todas as reservas em dólar estão basicamente na Ásia.
DECLÍNIO DO IMPÉRIO
Desta vez acho que é sinal do declínio [americano]. A menos que levem no bico os chineses e russos. Estão com problemas de petróleo. Tinham que ter tomado providências imediatas para regular o mercado futuro de petróleo. Você não consegue mais fazer preço e os preços não têm tendência específica, sobem e descem de maneira enlouquecida. Nisso não se parece nada com 1930, que era uma crise de deflação de ativos e de preços. Agora é de liquidação de ativos financeiros e os preços... não têm uma tendência definida.
SEM BRETON WOODS
A complicação é como [os EUA] se entendem com Europa de um lado e China do outro. Não são parceiros da mesma natureza. Infelizmente, não creio que vá haver uma reunião como Breton Woods. Não estamos caminhando para uma ordem mundial nova. Estamos caminhando para uma certa desordem. Os parceiros não vão seguir as ordens americanas, sobretudo em matéria financeira. É difícil um acordo por Estados. Acho que os EUA vão se regular primeiro e os demais países vão se adaptar, não creio em regulação conjunta. Seria ideal, mas não creio.
FALHAS NO PACOTE
O [Henry] Paulson [secretário do Tesouro dos EUA], homem de Wall Street, propôs salvar os bancos e só. Não disse mais nada sobre regulá-los. Os candidatos não estão satisfeitos com essa idéia de socializar os prejuízos. [Os EUA] fizeram isso na década de 1990. A raiz dessa crise é a crise de 1990, quando, em vez de regular, liberalizaram tudo na pretensão de que os mercados se auto-regulavam, sobretudo as grandes instituições que tinham rating. Aí o Congresso começou a chiar e aos poucos os bancos vão começar aceitando a supervisão.
DEUS E O DIABO
No momento, interessa ao capitalismo se regular. O neoliberalismo foi-se. O Deus mercado virou diabo na terra do gelo. Sofreu golpe mortal. Paulson ainda queria manter dessa maneira, tanto que não falou em regulação, mas o pessoal cobra porque é dinheiro para burro... O governo terá de regular, não é um processo fácil. Terá que fazer acordo com comissões financeiras do Senado e da Câmara. Se conseguirem um acordo, aí já dá para todos irem para casa disputar as eleições.
DONO DO CASSINO
Ou os EUA resolvem quais são as regras agora, enquanto são donos do cassino, ou daqui a pouco não adianta nada porque não serão mais os donos. É mais fácil fazer acordo quando eu, que sou a banca, faço as regras e convido os demais a seguirem ou se adaptarem. Ou resolvem rápido ou se deixarem para depois da eleição não conseguem manter a hegemonia.
SEM DINHEIRO
O auxílio dos bancos centrais não resolveu nada, só injetou liquidez. Quando você injeta liquidez, mas os bancos não emprestam uns aos outros, mais sobe a taxa interbancária. Esse assunto não está resolvido. Foi isso que levou o Paulson a avançar para resgatar os títulos podres para que as instituições fiquem sãs.
BANCOS
O Brasil ainda não está ameaçado. Os bancos brasileiros não estão metidos nessa ciranda. Há uma supervisão muito grande do Banco Central. Mesmo os derivativos a BM&F registra. Não tem controle de capitais, mas tem registro, o que significa que, se você quiser controlar, tem os instrumentos. As condições favoráveis do Brasil são as seguintes: bancos privados não estão metidos nessa especulação; não temos dívida externa pública; temos reservas; o problema de balanço de pagamentos é pequeno; o impacto das commodities não dá para perceber e somos muito abertos ao mundo. Temos mais comércio com a Argentina do que com os EUA. Los hermanos são mais importantes que o big brother.
ECONOMIA REAL
A crise não está na economia real. Só na Europa e no Japão, onde a ligação entre bancos e a economia real é mais forte. No caso americano, não. Há um setor da economia real americana que já começou a decadência, e por aí virá uma recessão, que é o imobiliário. Esse não tem saída. No ciclo recente, o setor que primeiro puxa a economia americana é o imobiliário, depois automóveis, os duráveis e, finalmente, o investimento. Ainda não está claro se serão afetados. O investimento das empresas depende do que vai acontecer com a Bolsa. Se ela continuar oscilando, mas não tiver uma depressão, sobrevive.
RECESSÃO
Acho que vai ter uma recessão, ninguém duvida. Mas uma coisa é uma recessão, outra é uma depressão. Não há dúvida de que ainda vai ter uma liquidação de ativos financeiros que eram fictícios. Essa parte da liquidação financeira da riqueza vai continuar e a gente não sabe até quando. A ligação entre essa crise e o setor real agora é o aperto global do crédito. Se continuar, vamos para uma recessão global. Sem crédito, não funciona capitalismo algum.
ONTEM E HOJE
A única coisa que pode dar um certo otimismo é que em 1930 os EUA estavam sozinhos, mas agora eles têm a China como parceira. Em 1930, os EUA não tinham sócios, todas as reservas do mundo estavam com eles. Agora, os EUA não têm reservas, só têm dívida. Todas as reservas em dólar estão basicamente na Ásia.
DECLÍNIO DO IMPÉRIO
Desta vez acho que é sinal do declínio [americano]. A menos que levem no bico os chineses e russos. Estão com problemas de petróleo. Tinham que ter tomado providências imediatas para regular o mercado futuro de petróleo. Você não consegue mais fazer preço e os preços não têm tendência específica, sobem e descem de maneira enlouquecida. Nisso não se parece nada com 1930, que era uma crise de deflação de ativos e de preços. Agora é de liquidação de ativos financeiros e os preços... não têm uma tendência definida.
SEM BRETON WOODS
A complicação é como [os EUA] se entendem com Europa de um lado e China do outro. Não são parceiros da mesma natureza. Infelizmente, não creio que vá haver uma reunião como Breton Woods. Não estamos caminhando para uma ordem mundial nova. Estamos caminhando para uma certa desordem. Os parceiros não vão seguir as ordens americanas, sobretudo em matéria financeira. É difícil um acordo por Estados. Acho que os EUA vão se regular primeiro e os demais países vão se adaptar, não creio em regulação conjunta. Seria ideal, mas não creio.
FALHAS NO PACOTE
O [Henry] Paulson [secretário do Tesouro dos EUA], homem de Wall Street, propôs salvar os bancos e só. Não disse mais nada sobre regulá-los. Os candidatos não estão satisfeitos com essa idéia de socializar os prejuízos. [Os EUA] fizeram isso na década de 1990. A raiz dessa crise é a crise de 1990, quando, em vez de regular, liberalizaram tudo na pretensão de que os mercados se auto-regulavam, sobretudo as grandes instituições que tinham rating. Aí o Congresso começou a chiar e aos poucos os bancos vão começar aceitando a supervisão.
DEUS E O DIABO
No momento, interessa ao capitalismo se regular. O neoliberalismo foi-se. O Deus mercado virou diabo na terra do gelo. Sofreu golpe mortal. Paulson ainda queria manter dessa maneira, tanto que não falou em regulação, mas o pessoal cobra porque é dinheiro para burro... O governo terá de regular, não é um processo fácil. Terá que fazer acordo com comissões financeiras do Senado e da Câmara. Se conseguirem um acordo, aí já dá para todos irem para casa disputar as eleições.
DONO DO CASSINO
Ou os EUA resolvem quais são as regras agora, enquanto são donos do cassino, ou daqui a pouco não adianta nada porque não serão mais os donos. É mais fácil fazer acordo quando eu, que sou a banca, faço as regras e convido os demais a seguirem ou se adaptarem. Ou resolvem rápido ou se deixarem para depois da eleição não conseguem manter a hegemonia.
SEM DINHEIRO
O auxílio dos bancos centrais não resolveu nada, só injetou liquidez. Quando você injeta liquidez, mas os bancos não emprestam uns aos outros, mais sobe a taxa interbancária. Esse assunto não está resolvido. Foi isso que levou o Paulson a avançar para resgatar os títulos podres para que as instituições fiquem sãs.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
(foto: Paulo Rezende paulovrezende.blogspot.com)
.
.
Minha poesia repousa,
Absorta,
A aguardar seu tempo.
Habita atrás do imperativo,
Onde há natureza,
E como o anu,
Voa somente na bonança.
Nesses momentos sou simplesmente,
Aquele vindo para experimentar,
Provar folhas, cheirar chãos.
Agora, apenas escuto os dizeres da alma,
E nas conversas ela fala: espera,
Descansa meu poeta!
Obs: inauguro uma nova fase!
Absorta,
A aguardar seu tempo.
Habita atrás do imperativo,
Onde há natureza,
E como o anu,
Voa somente na bonança.
Nesses momentos sou simplesmente,
Aquele vindo para experimentar,
Provar folhas, cheirar chãos.
Agora, apenas escuto os dizeres da alma,
E nas conversas ela fala: espera,
Descansa meu poeta!
Obs: inauguro uma nova fase!
Para compreender a crise financeira
Mercados internacionais de crédito entraram em colapso e há risco real de uma corrida devastadora aos bancos. Por que o pacote de 700 bilhões de dólares, nos EUA, chegou tarde e é inadequado. Quais as causas da crise, e sua relação com o capitalismo financeirizado e as desigualdades. Há alternativas?
Depois de terem vivido uma segunda-feira de pânico, os mercados financeiros operam, hoje, em meio a muito nervosismo. A bolsa de valores de Tóquio caiu mais 3%, apesar de o Banco do Japão injetar mais 10 bilhões de dólares no sistema bancário. Na Europa, há pequena recuperação das bolsas, diante de rumores sobre uma redução coordenada das taxas de juros, pelos bancos centrais. Em contrapartida, anunciou-se que a situação do Royal Bank os Scotland (RBJ) pode ser crítica — e que outros bancos estariam sob forte pressão.
A crise iniciada há pouco mais de um ano, no setor de empréstimos hipotecários dos Estados Unidos, viveu dois repiques, nos últimos dias. Entre 15 e 16 de setembro, a falência de grandes instituições financeiras norte-americanas [1] deixou claro que a devastação não iria ficar restrita ao setor imobiliário. No início de outubro, começou a disseminar-se a sensação de que o pacote de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca para tentar o resgate produziria efeitos muito limitados. Concebido segundo a lógica dos próprios mercados (o secretário do Tesouro, Henry Paulson, é um ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs), o conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras mais afetadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia, muito menos protege as famílias endividadas.
Deu-se então um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Apavoradas com a onda de falências, as instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos – inclusive entre si mesmas. Este movimento, por sua vez, multiplicou a sensação de insegurança, corroendo o próprio sentido da palavra crédito, base de todo o sistema. A crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa. Em dois dias, cinco importantes bancos do Velho Continente naufragaram [2].
Muito rapidamente, o terremoto financeiro começou a atingir também a chamada “economia real”. Por falta de financiamento, as vendas de veículos caíram 27% (comparadas com o ano anterior) em setembro, recuando para o nível mais baixo nos últimos 15 anos. Em 3 de outubro, a General Motors brasileira colocou em férias compulsórias os trabalhadores de duas de suas fábricas (que produzem para exportação), num sinal dos enormes riscos de contágio internacional. Diante do risco de recessão profunda, até os preços do petróleo cederam, caindo neste 6/10 a 90 dólares por barril – uma baixa de 10% em apenas uma semana. A tempestade afeta também o setor público. Ao longo da semana, os governantes de diversos condados norte-americanos mostraram-se intranqüilos diante da falta de caixa. O governador da poderosa Califórnia, Arnold Schwazenegger, anunciou em 2 de outubro que não poderia fazer frente ao pagamento de policiais e bombeiros se não obtivesse, do governo federal, um empréstimo imediato de ao menos 7 bilhões de dólares.
Nos últimos dias, alastrou-se o pavor de algo nunca visto, desde 1929: desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas poderiam sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”, segundo a descreveu o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual.
Os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis. Em 2 de outubro, o Banco Central (BC) da Irlanda sentiu-se forçado a tranqüilizar o público, anunciando aumento no seguro estatal sobre 100% dos depósitos confiados a seis bancos. Na noite de domingo, foi a vez de o governo alemão tomar atitude semelhante. Mas as medidas foram tomadas de modo descoordenado, porque terminou sem resultados concretos, no fim-de-semana, uma reunião dos “quatro grandes” europeus [3], convocada pelo presidente francês, para buscar ações comuns contra a crise. Teme-se, por isso, que as iniciativas da Irlanda e Alemanha provoquem pressão contra os bancos dos demais países europeus, onde não há a mesma garantia. Além disso, suspeita-se que as autoridades estejam passando um cheque sem fundos. Na Irlanda, o valor total do seguro oferecido pelo BC equivale a mais do dobro do PIB do país...
Também neste caso, os riscos de contágio internacional são enormes. Roubini chama atenção, em especial, para as linhas de crédito no valor de quase 1 trilhão de dólares entre os bancos norte-americanos e instituições de outros países. É por meio deste canal, hoje bloqueado, que o risco de quebradeira bancária se espalha pelo mundo. Mesmo em países menos próximos do epicentro da crise, como o Brasil, as conseqüências já são sentidas. Na semana passada, o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos, por meio de duas resoluções sucessivas, a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos – que já enfrentam dificuldades para captar recursos.
Em conseqüência de tantas tensões, as bolsas de valores da Ásia e Europa estão viveram, na segunda-feira (6/10) um dia de quedas abruptas. Na primeira sessão após a aprovação do pacote de resgate norte-americano, Tóquio perdeu 4,2% e Hong Kong, 3,4%. Quedas entre 7% e 9% ocorreram também em Londres, Paris e Frankfurt. Em Moscou, a bolsa despencou 19%. Em todos estes casos, as quedas foram puxadas pelo desabamento das ações de bancos importantes. Em São Paulo, os negócios foram interrompidos duas vezes, quando quedas drásticas acionaram as regras que mandam suspender os negócios em caso de instabilidade extrema. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar chegou a R$ 2,20.
Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados
A esta altura, todas as análises sérias coincidem em que não é possível prever nem a duração, nem a profundidade, nem as conseqüências da crise. Nos próximos meses, vai se abrir um período de fortes turbulências: econômicas, sociais e políticas. As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. Como argumentar, agora, que os mercados são capazes de se auto-regular, e que toda intervenção estatal sobre eles é contra-producente?
Mas, há uma imensa distância entre a queda do dogma e a construção de políticas de sentido inverso. Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados.
O pacote de 700 bilhões de dólares costurado pela Casa Branca é o exemplo mais acabado deste viés. Nouriel Roubini considerou-o não apenas “injusto”, mas também “ineficaz e ineficiente”. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia. Num artigo para o Financial Times (reproduzido pela Folha de São Paulo), até mesmo o mega-investidor George Soros defendeu ponto-de-vista muito semelhantes, e chegou a desenhar as bases de um plano alternativo.
Outras análises vão além. Num texto publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique, o economista francês François Chesnais chama atenção para algo mais profundo por trás da financeirização e do culto à auto-suficiência dos mercados. Ele mostra que as décadas neoliberais foram marcadas por um enorme aumento na acumulação capitalista e nas desigualdades internacionais. Fenômenos como a automação, a deslocalização das empresas (para países e regiões onde os salários e direitos sociais são mais deprimidos) e a emergência da China e Índia como grandes centros produtivos rebaixaram o poder relativo de compra dos salários. O movimento aprofundou-se quando o mundo empresarial passou a ser regido pela chamada “ditadura dos acionistas”, que leva os administradores a perseguir taxas de lucros cada vez mais altas. O resultado é um enorme abismo entre a a capacidade de produção da economia e o poder de compra das sociedades. Na base da crise financeira estaria, portanto, uma crise de superprodução semelhante às que foram estudadas por Marx, no século retrasado. Ao liquidar os mecanismos de regulação dos mercados e redistribuição de renda introduzidos após a crise de 1929, o capitalismo neoliberal teria reinvocado o fantasma.
Wallerstein vê nos sistemas públicos de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se todos tivermos direito a uma vida digna, quem se preocupará em acumular dinheiro?
Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte. A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente.
Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica? O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 - quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro?
O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema [4]. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?
[1] Em 12/9, o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou, depois que as autoridades monetárias recusaram-se a resgatá-lo. No mesmo dia, o Merrill Lynch anunciou sua venda para o Bank of America. Em 15/9, a mega-seguradora AIG (a maior do mundo, até há alguns meses) anunciou que estava insolvente, sendo nacionalizada no dia seguinte com aporte estatal de US$ 85 bilhões
[2] O Fortis foi semi-nacionalizado pelos governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo. O Dexia recebeu uma injeção de 6,4 bilhões de euros, patrocinada pelos governos da França e Bélgica. O Reino Unido nacionalizou o Bradford & Bingley (especialista em hipotecas), vendendo parte de seus ativos para o espanhol Santander. O Hypo Real Estate segundo maior banco hipotecário alemão entrou numa operação de resgate cujo custo podia chegar a 50 bilhões de euros, mas cujo sucesso ainda não estava assegurado, em 5/9. A Islândia nacionalizou o Glitnir, seu terceiro maior banco
[3] Alemanha, França, Reino Unido e Itália, os membros europeus do G-8
[4] Sobre a contra-utopia hayekiana, ler, no Le Monde Diplomatique, “Pensando o Impensável” , de Serge Halimi
Depois de terem vivido uma segunda-feira de pânico, os mercados financeiros operam, hoje, em meio a muito nervosismo. A bolsa de valores de Tóquio caiu mais 3%, apesar de o Banco do Japão injetar mais 10 bilhões de dólares no sistema bancário. Na Europa, há pequena recuperação das bolsas, diante de rumores sobre uma redução coordenada das taxas de juros, pelos bancos centrais. Em contrapartida, anunciou-se que a situação do Royal Bank os Scotland (RBJ) pode ser crítica — e que outros bancos estariam sob forte pressão.
A crise iniciada há pouco mais de um ano, no setor de empréstimos hipotecários dos Estados Unidos, viveu dois repiques, nos últimos dias. Entre 15 e 16 de setembro, a falência de grandes instituições financeiras norte-americanas [1] deixou claro que a devastação não iria ficar restrita ao setor imobiliário. No início de outubro, começou a disseminar-se a sensação de que o pacote de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca para tentar o resgate produziria efeitos muito limitados. Concebido segundo a lógica dos próprios mercados (o secretário do Tesouro, Henry Paulson, é um ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs), o conjunto de medidas socorre com dinheiro público as instituições financeiras mais afetadas, mas não assegura que os recursos irriguem a economia, muito menos protege as famílias endividadas.
Deu-se então um colapso nos mercados bancários, que perdura até o momento. Apavoradas com a onda de falências, as instituições financeiras bloquearam a concessão de empréstimos – inclusive entre si mesmas. Este movimento, por sua vez, multiplicou a sensação de insegurança, corroendo o próprio sentido da palavra crédito, base de todo o sistema. A crise alastrou-se dos Estados Unidos para a Europa. Em dois dias, cinco importantes bancos do Velho Continente naufragaram [2].
Muito rapidamente, o terremoto financeiro começou a atingir também a chamada “economia real”. Por falta de financiamento, as vendas de veículos caíram 27% (comparadas com o ano anterior) em setembro, recuando para o nível mais baixo nos últimos 15 anos. Em 3 de outubro, a General Motors brasileira colocou em férias compulsórias os trabalhadores de duas de suas fábricas (que produzem para exportação), num sinal dos enormes riscos de contágio internacional. Diante do risco de recessão profunda, até os preços do petróleo cederam, caindo neste 6/10 a 90 dólares por barril – uma baixa de 10% em apenas uma semana. A tempestade afeta também o setor público. Ao longo da semana, os governantes de diversos condados norte-americanos mostraram-se intranqüilos diante da falta de caixa. O governador da poderosa Califórnia, Arnold Schwazenegger, anunciou em 2 de outubro que não poderia fazer frente ao pagamento de policiais e bombeiros se não obtivesse, do governo federal, um empréstimo imediato de ao menos 7 bilhões de dólares.
Nos últimos dias, alastrou-se o pavor de algo nunca visto, desde 1929: desconfiados da solidez dos bancos, os correntistas poderiam sacar seus depósitos, o que provocaria nova onda de quebras e devastaria a confiança na própria moeda. Em tempos de globalização, seria “a mãe de todas as corridas contra os bancos”, segundo a descreveu o economista Nouriel Roubini, que se tornou conhecido por prever há meses, com notável precisão, todos os desdobramentos da crise atual.
Os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis. Em 2 de outubro, o Banco Central (BC) da Irlanda sentiu-se forçado a tranqüilizar o público, anunciando aumento no seguro estatal sobre 100% dos depósitos confiados a seis bancos. Na noite de domingo, foi a vez de o governo alemão tomar atitude semelhante. Mas as medidas foram tomadas de modo descoordenado, porque terminou sem resultados concretos, no fim-de-semana, uma reunião dos “quatro grandes” europeus [3], convocada pelo presidente francês, para buscar ações comuns contra a crise. Teme-se, por isso, que as iniciativas da Irlanda e Alemanha provoquem pressão contra os bancos dos demais países europeus, onde não há a mesma garantia. Além disso, suspeita-se que as autoridades estejam passando um cheque sem fundos. Na Irlanda, o valor total do seguro oferecido pelo BC equivale a mais do dobro do PIB do país...
Também neste caso, os riscos de contágio internacional são enormes. Roubini chama atenção, em especial, para as linhas de crédito no valor de quase 1 trilhão de dólares entre os bancos norte-americanos e instituições de outros países. É por meio deste canal, hoje bloqueado, que o risco de quebradeira bancária se espalha pelo mundo. Mesmo em países menos próximos do epicentro da crise, como o Brasil, as conseqüências já são sentidas. Na semana passada, o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos, por meio de duas resoluções sucessivas, a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos – que já enfrentam dificuldades para captar recursos.
Em conseqüência de tantas tensões, as bolsas de valores da Ásia e Europa estão viveram, na segunda-feira (6/10) um dia de quedas abruptas. Na primeira sessão após a aprovação do pacote de resgate norte-americano, Tóquio perdeu 4,2% e Hong Kong, 3,4%. Quedas entre 7% e 9% ocorreram também em Londres, Paris e Frankfurt. Em Moscou, a bolsa despencou 19%. Em todos estes casos, as quedas foram puxadas pelo desabamento das ações de bancos importantes. Em São Paulo, os negócios foram interrompidos duas vezes, quando quedas drásticas acionaram as regras que mandam suspender os negócios em caso de instabilidade extrema. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar chegou a R$ 2,20.
Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados
A esta altura, todas as análises sérias coincidem em que não é possível prever nem a duração, nem a profundidade, nem as conseqüências da crise. Nos próximos meses, vai se abrir um período de fortes turbulências: econômicas, sociais e políticas. As montanhas de dinheiro despejadas pelos bancos centrais sepultaram, em poucas semanas, um dogma cultuado pelos teóricos neoliberais durante três décadas. Como argumentar, agora, que os mercados são capazes de se auto-regular, e que toda intervenção estatal sobre eles é contra-producente?
Mas, há uma imensa distância entre a queda do dogma e a construção de políticas de sentido inverso. Até o momento, tem prevalecido, entre os governos, uma postura um tanto curiosa: eles abandonam às pressas o discurso da excelência dos mercados, apenas para... desviar rios de dinheiro público às instituições dominantes destes mesmos mercados.
O pacote de 700 bilhões de dólares costurado pela Casa Branca é o exemplo mais acabado deste viés. Nouriel Roubini considerou-o não apenas “injusto”, mas também “ineficaz e ineficiente”. Injusto porque socializa prejuízos, oferecendo dinheiro às instituições financeiras (ao permitir que o Estado assuma seus “títulos podres”) sem assumir, em troca, parte de seu capital. Ineficaz porque, ao não oferecer ajuda às famílias endividadas — e ameaçadas de perder seus imóveis —, deixa intocada a causa do problema (o empobrecimento e perda de capacidade aquisitiva da população), atuando apenas sobre seus efeitos superficiais. Ineficiente porque nada assegura (como estão demonstrando os fatos dos últimos dias) que os bancos, recapitalizados em meio à crise, disponham-se a reabrir as torneiras de crédito que poderiam irrigar a economia. Num artigo para o Financial Times (reproduzido pela Folha de São Paulo), até mesmo o mega-investidor George Soros defendeu ponto-de-vista muito semelhantes, e chegou a desenhar as bases de um plano alternativo.
Outras análises vão além. Num texto publicado há alguns meses no Le Monde Diplomatique, o economista francês François Chesnais chama atenção para algo mais profundo por trás da financeirização e do culto à auto-suficiência dos mercados. Ele mostra que as décadas neoliberais foram marcadas por um enorme aumento na acumulação capitalista e nas desigualdades internacionais. Fenômenos como a automação, a deslocalização das empresas (para países e regiões onde os salários e direitos sociais são mais deprimidos) e a emergência da China e Índia como grandes centros produtivos rebaixaram o poder relativo de compra dos salários. O movimento aprofundou-se quando o mundo empresarial passou a ser regido pela chamada “ditadura dos acionistas”, que leva os administradores a perseguir taxas de lucros cada vez mais altas. O resultado é um enorme abismo entre a a capacidade de produção da economia e o poder de compra das sociedades. Na base da crise financeira estaria, portanto, uma crise de superprodução semelhante às que foram estudadas por Marx, no século retrasado. Ao liquidar os mecanismos de regulação dos mercados e redistribuição de renda introduzidos após a crise de 1929, o capitalismo neoliberal teria reinvocado o fantasma.
Wallerstein vê nos sistemas públicos de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se todos tivermos direito a uma vida digna, quem se preocupará em acumular dinheiro?
Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte. A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente.
Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica? O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 - quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro?
O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema [4]. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?
[1] Em 12/9, o banco de investimentos Lehman Brothers quebrou, depois que as autoridades monetárias recusaram-se a resgatá-lo. No mesmo dia, o Merrill Lynch anunciou sua venda para o Bank of America. Em 15/9, a mega-seguradora AIG (a maior do mundo, até há alguns meses) anunciou que estava insolvente, sendo nacionalizada no dia seguinte com aporte estatal de US$ 85 bilhões
[2] O Fortis foi semi-nacionalizado pelos governos da Holanda, Bélgica e Luxemburgo. O Dexia recebeu uma injeção de 6,4 bilhões de euros, patrocinada pelos governos da França e Bélgica. O Reino Unido nacionalizou o Bradford & Bingley (especialista em hipotecas), vendendo parte de seus ativos para o espanhol Santander. O Hypo Real Estate segundo maior banco hipotecário alemão entrou numa operação de resgate cujo custo podia chegar a 50 bilhões de euros, mas cujo sucesso ainda não estava assegurado, em 5/9. A Islândia nacionalizou o Glitnir, seu terceiro maior banco
[3] Alemanha, França, Reino Unido e Itália, os membros europeus do G-8
[4] Sobre a contra-utopia hayekiana, ler, no Le Monde Diplomatique, “Pensando o Impensável” , de Serge Halimi
domingo, 5 de outubro de 2008
Botão
Eu e Messiê ou Agradecimentos a Messiê
Quando me cai um botão
Sinto o tempo
Deformando a roupa
Desabotoando minha aparência
Deixo-o pelo chão
Junto à vaidade
Curvar-se seria viver outro estilo
Quando me cai um botão
Sinto o tempo
Deformando a roupa
Desabotoando minha aparência
Deixo-o pelo chão
Junto à vaidade
Curvar-se seria viver outro estilo
sábado, 4 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Que dureza!
Estou possuído pelo mal-humor
Uma noite de sono perdido
Uma manhã sem café da manhã
Um desentendimento ao sair de casa
São os responsáveis por esse estado raivoso e agressivo
A mente em chamas incendeia o ar
E cada recôndito esconderijo da paz
Explodo os carros que me fecham
Estraçalho as janelas fechadas para meu caos
Cometo mil danos ao mesmo tempo em que olho
Pareço um super-homem do ódio
Hábil depurador da graça e da beleza
Enxergo dor onde o belo reina
Carrego de rancor gestos de agradecimento
Desejo o mal dos meus esquecidos inimigos
Nessa manhã incomum
O mundo poderia se desgraçar
As mulheres poderiam caminhar nuas
O céu e o mar poderiam estar perfeitos
Uma noite de sono perdido
Uma manhã sem café da manhã
Um desentendimento ao sair de casa
São os responsáveis por esse estado raivoso e agressivo
A mente em chamas incendeia o ar
E cada recôndito esconderijo da paz
Explodo os carros que me fecham
Estraçalho as janelas fechadas para meu caos
Cometo mil danos ao mesmo tempo em que olho
Pareço um super-homem do ódio
Hábil depurador da graça e da beleza
Enxergo dor onde o belo reina
Carrego de rancor gestos de agradecimento
Desejo o mal dos meus esquecidos inimigos
Nessa manhã incomum
O mundo poderia se desgraçar
As mulheres poderiam caminhar nuas
O céu e o mar poderiam estar perfeitos
Poesia na Praça: 15 Anos sem Antonio Short
No próximo dia 07 de outubro (terça-feira) às 18h, acontecerá no Quadrilátero da Biblioteca Pública do Estado, nos Barris, o evento Poesia na Praça: 15 Anos sem Antonio Short: exposição de livros, jornais, fotografias e um recital de poemas em homenagem ao poeta baiano Antonio Short, falecido em 07 de outubro de 1993.
Poetas, amigos e parentes recitarão poemas produzidos por Short, em três vertentes: lírica amorosa, crítico-existencialista com referências à contracultura, regionalista-sertaneja, com menções à guerra de Canudos. Entre os intérpretes, os poetas Douglas de Almeida, Ametista Nunes, Walter Cezar, Marcos Peralta, Gilberto Teixeira e Zeca Short.
O poeta Antonio Roberto Barreto Short, nascido em 14 de junho de 1947 na cidade de Monte Santo, foi uma das figuras mais importantes do Movimento Poetas na Praça, que durante a década de oitenta do século passado, desenvolveu um importante trabalho de popularização da poesia independente/alternativa, nas praças e ruas de Salvador.
Short publicou diversos livros e folhetos, entre os quais: Itinerário de Rua (1972), Existe acato na canção de cada noite (1980), e Jogos de Jagunços (1982). Uma das figuras mais polêmicas e irreverentes da literatura baiana, recitava poemas de forma performática, influenciado pelas obras de Gregório de Mattos, Zé Limeira e Cuíca de Santo Amaro.
Poetas, amigos e parentes recitarão poemas produzidos por Short, em três vertentes: lírica amorosa, crítico-existencialista com referências à contracultura, regionalista-sertaneja, com menções à guerra de Canudos. Entre os intérpretes, os poetas Douglas de Almeida, Ametista Nunes, Walter Cezar, Marcos Peralta, Gilberto Teixeira e Zeca Short.
O poeta Antonio Roberto Barreto Short, nascido em 14 de junho de 1947 na cidade de Monte Santo, foi uma das figuras mais importantes do Movimento Poetas na Praça, que durante a década de oitenta do século passado, desenvolveu um importante trabalho de popularização da poesia independente/alternativa, nas praças e ruas de Salvador.
Short publicou diversos livros e folhetos, entre os quais: Itinerário de Rua (1972), Existe acato na canção de cada noite (1980), e Jogos de Jagunços (1982). Uma das figuras mais polêmicas e irreverentes da literatura baiana, recitava poemas de forma performática, influenciado pelas obras de Gregório de Mattos, Zé Limeira e Cuíca de Santo Amaro.
Show de Jorge Ben foi adiado!
O show que Jorge Ben Jor faria neste sábado, 11, no Cais Dourado (Comércio), foi adiado para o dia 14 de novembro.
A produção do artista informa que ele passou por uma cirurgia no joelho direito, no último dia 25 e, por recomendação médica, deverá ficar de molho por mais 20 dias.
Os ingressos adquiridos para a apresentação do dia 11 terão validade para o show de 14 de novembro.
Além do cantor e compositor baiano Jau e o DJ Bandido, a noite contará com o Camarote Simplesmente Luxo. O show é uma realização do Cais Dourado, em parceria com a Íris Produções.
Os ingressos do lote promocional custam R$ 40 (pista feminino), R$ 90 (pista masculino) e R$ 130 (camarote). À venda na Ticketmix dos shoppings Iguatemi, Aeroclube, Barra e Estrada do Coco e no Balcão de Ingressos.
Mais informações pelos fone 3242.2200 ou pelo site www.caisdourado.com.br
A produção do artista informa que ele passou por uma cirurgia no joelho direito, no último dia 25 e, por recomendação médica, deverá ficar de molho por mais 20 dias.
Os ingressos adquiridos para a apresentação do dia 11 terão validade para o show de 14 de novembro.
Além do cantor e compositor baiano Jau e o DJ Bandido, a noite contará com o Camarote Simplesmente Luxo. O show é uma realização do Cais Dourado, em parceria com a Íris Produções.
Os ingressos do lote promocional custam R$ 40 (pista feminino), R$ 90 (pista masculino) e R$ 130 (camarote). À venda na Ticketmix dos shoppings Iguatemi, Aeroclube, Barra e Estrada do Coco e no Balcão de Ingressos.
Mais informações pelos fone 3242.2200 ou pelo site www.caisdourado.com.br
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