sexta-feira, 20 de junho de 2008

Caminho de letras


Cada vez que leio
Muda minha idéia de tempo
Já não é uma superfície linear
Ou sistêmica roda de sal
É o tempo de ler
E sentir algo de fatal
Um mar gelado sem chão
Sacudindo-me gostoso
Inundando-me de cisões/fusões
Visões de lonjura numa página
Em mim, em meu corpo
Enxugo palavras nas sobrancelhas
Retiro-as dos olhos, nariz, ouvidos, tantas
Que o tempo não se faz escutar
Não reclama sua hora
Muito menos eu
Quem não sabe mais quem é
Diante do texto fui leitor
Outra coisa após lê-lo
Vivendo novo o tempo novo
Revisitando os passados passados
E sou coisa embriagada
Discutindo em voz alta
Derrubando vasos
Quebrando nortes
Embevecida
Cheirando orquídeas
Amolando caninos
Escrevendo feixes de poemas
Caminho sobre as palavras
Para sempre
Em todas as direções
O tempo serve à leitura

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