sexta-feira, 6 de junho de 2008

Ao Mestre


Tua estátua não é estática
É superstição que se move depressa
É som de telefone, grito de vizinha, estalar de palmas
É reclame da massa enfurecida, proletários indignados
É sinal de fumaça, de 3ª guerra, de moléstia grave
Não faz sombra, é a total incerteza
Indefinição, intranqüilidade, insorte

Tua estátua não murmura, não sussurra, não treme
Rejeita consolo, colo, carinho, carícia
Tampouco geme, chora, resmunga, pede
Tem a explosão da queda de todas as cristaleiras
Recorta o homem em inúmeros dizeres
É sanguinária por amor e devoção à vida
Adverte políticos, marca jovens, sintetiza sentimentos

Tua estátua tem a propriedade de chamar
De ligar o questionamento, a busca, localiza
Perquirir a devastadora fome, a triste miséria
Revela sensações bravias e dores antepassadas
Percorre o franzir da testa, as manchas das mãos
Puxa o rabo das cachorras das madames
Cria uma bienal em muitas cabeças

Tua antiestátua é uma boa puta
Muito mais, mas muito mais
Que o sorriso na face de um homem calado

Nenhum comentário: