Para o que escrevo não há tradução
Faço poemas
Noutras línguas
Faço poemas
Noutras línguas
Faltarão alegorias e metáforas
Para representar meus recheios
A poética miscigenação
Para representar meus recheios
A poética miscigenação
As dores do meu Centro Histórico
O vapor do abará recém-cortado
As gírias, os assobios, os pitacos
Os sentimentos de baiano quebrado
Quem saberá traduzir?!
Além do mais
Escrevo para mim
Para o meu deleite
Devoro o tempo sobre as palavras
Sobre minhas angústias intermináveis
Eu
Homem da mata
Enclausurado numa sala fria
Enquanto a vida poliniza sua energia
Enquanto poderia estar na França
Vestido de palhaço
Brincando com uma garotinha no metrô
Ou em Ketu
No terreiro, embaixo da árvore
Aprendendo com os mais velhos
Tudo sobre os orixás
E como se tornar um filho de Xangô
Para o que faço não há tradução
Então preste atenção
O resto do mundo nunca me lerá
Somente nós
Sentados na frente destas telas
Sentindo a mesma angústia
Nós
Pessoas da mata
Desenvolvendo síndrome do pânico
Caspa, obesidade, maus hábitos
Enquanto a vida poliniza sua energia
Enquanto poderíamos estar nos amando
Transando no meio da rua
Levando um pouco de satisfação sexual
Ou recitando poemas do Pessoa
Poemas ridículos de amor
Para essa sociedade de números e perdas
Ninguém traduzirá o que sinto agora
Neste instante
Sinto algo que nem eu sei traduzir
Meu peito se arrepia
Minha cabeça gira
Minhas mãos suam
Preciso escrever
Preciso sair desta sala
Mas não quero parar de escrever
Estou rendido a este antigo hábito
Preciso de asas
Grandes como num sonho
Voaria descansado
As mãos livres
Além do mais
Escrevo para mim
Para o meu deleite
Devoro o tempo sobre as palavras
Sobre minhas angústias intermináveis
Eu
Homem da mata
Enclausurado numa sala fria
Enquanto a vida poliniza sua energia
Enquanto poderia estar na França
Vestido de palhaço
Brincando com uma garotinha no metrô
Ou em Ketu
No terreiro, embaixo da árvore
Aprendendo com os mais velhos
Tudo sobre os orixás
E como se tornar um filho de Xangô
Para o que faço não há tradução
Então preste atenção
O resto do mundo nunca me lerá
Somente nós
Sentados na frente destas telas
Sentindo a mesma angústia
Nós
Pessoas da mata
Desenvolvendo síndrome do pânico
Caspa, obesidade, maus hábitos
Enquanto a vida poliniza sua energia
Enquanto poderíamos estar nos amando
Transando no meio da rua
Levando um pouco de satisfação sexual
Ou recitando poemas do Pessoa
Poemas ridículos de amor
Para essa sociedade de números e perdas
Ninguém traduzirá o que sinto agora
Neste instante
Sinto algo que nem eu sei traduzir
Meu peito se arrepia
Minha cabeça gira
Minhas mãos suam
Preciso escrever
Preciso sair desta sala
Mas não quero parar de escrever
Estou rendido a este antigo hábito
Preciso de asas
Grandes como num sonho
Voaria descansado
As mãos livres
Os olhos encarando a paisagem
Escreveria cada sensação do vôo
Os respingos das nuvens
A companhia dos pássaros
O medo de ser atingido por um raio
Escreveria tudo
Mas me faltam asas
Mas tenho a escrita
Escreveria cada sensação do vôo
Os respingos das nuvens
A companhia dos pássaros
O medo de ser atingido por um raio
Escreveria tudo
Mas me faltam asas
Mas tenho a escrita
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