quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Há ocasiões
Em que me sinto mudo

Minhas idéias não chocam
Não reverberam
As palavras não dialogam
Não encontram reação
Há um vazio

Noutras
Gostaria de ser surdo

É tanta ingenuidade
É tanta idiotice proferida
Que meu rosto estampa a impaciência
E meus olhos aflitos procuram ao lado
Um calabouço aonde as vozes não cheguem

Entre a aparente mudez
E a sonhada surdez
Estou eu emputecido
Cansado de gente disléxica
Cansado de gente estúpida

2 comentários:

Pablo disse...

cansado de si mesmo...

Jecabrejo disse...

Sou aquele que se mostra,
Sem se ver;
Sou o perdido para mim,
Mas não sou voçê;

Aquele que rasteja,
Sem pedir,
Que se emociona,
Sem sentir;

Sou um mundo devasso
Restrito à uma existência,
Que se debate em loucuras,
Sem se permitir à consciência

Sou vago feito a neblina,
Um punhado de dúvidas,
Um louco amor fadado à não amar,
Daqueles que se queixam,
Pois tudo dariam,
mas não se atreve.

Sou aquele que rima,
Mas sem nexo,
Aquele que rir, desconvexo,
Aquele deposto por alguns momentos,
tomado de seu trono
Pelos próprios ventos.

Ah, sou aquele que vibra
Ante o gozo - de mais uma cria,
De mais um esforço.

Sou o imperfeito em completa Perfeição,
Sou uma puta à rolar seus seios
Em devassidão;

Sou aquele ser sereno em horas Vagas,
Para gozar de meu
Antagonismo sem queixas,
Pois explodo sem cessar,
Quando algo não se curva,
Quando algo em mim se enturva.

É o conflito da própria existência?
Prefire pensar em degenerência?
Não sooa bom em todos ouvidos,
mas que importa, se estão
todos dormindo.

O duro não é aguentar encerrar-se
em uma prisão tão limitada,
pois meu corpo é meu meio
para outras alçadas;
não me perco em tamanha
estultice,
quero é mais, quero é vida,
quero é sangue, quero é pistas,
quero é suor, quero é azia,
pois meu gosto é a mostra
de minha mais pura ousadia.