sexta-feira, 14 de novembro de 2008


Meus dentes se partiram
E da boca voaram trinta e tantos passarinhos
Freneticamente famintos
A bicar bochechas, couro, paredes

Era a mãe daquelas aves
E como tal
Foi meu dever alimentá-las
Prover-lhes o pão
Triturar-lhes o milho, ainda que banguela

Nutria minha fome
O desejo de vê-los livres
Impetuosos pelo céu
Gratos e esquecidos destas mãos

E assim aconteceu!

Nesse fim de primavera
Dou novo norte à vida
Pois dentro em breve
Das unhas afiadas
Eclodirão pequeninas serpentes
Frias e arredias
A procurar passarinhos

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