quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

ADOCULARE



Seus olhos transluzem amor, me alumiam,
independente de qualquer atitude, palavra, lágrima
Quando nos encontramos, eles seguem acesos a mim,
me fitando por completo, como se comer-me-iam
O modo como você me olha ao se assustar
procurando um refúgio, um auxílio, uma luz
Se acorda a noite, me buscam na penumbra
para aconchegar seu rosto no meu e balbuciar juras
A maneira que riem de minhas tolices e besteiras,
espremidos e cintilantes, embotados de admiração
O jeito de chorar fácil, rubros, ao se desiludirem
a cada estupidez que te faço por mero capricho
O aspecto intenso quando nos divertimos, cativos,
transbordando satisfação diante dos meus
Seu olhar de moleca ao me oferecer o último pedaço
só de arte, ávido para que não o aceite
Assume a natureza de íris felina, acaso irrita,
observando atravessado o fato que a inquieta
No tálamo me miram feminizados, atados a nós,
calmos como se aquilo não passasse de um flerte
Seus olhos são livros esplêndidos, água corrente
porquanto transparecem sentimentos, você.

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