quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Casamenteira



privatize-me, deixo
exerça teu poder de império
saberá articular tua conquista
afinal a posse permeia tuas mãos e mente
X
sou uma área improdutiva, devoluta
pública, desprovida de um certo controle
necessito responder a um superior racional
no amor, na grana, na linha de produção
X
meus frutos serão teu lucro líquido
minhas dores um sacrifício louvável
faça-nos sinônimo de capital católico
nada que me ordene farei diferente
X
se quiser também serei teu alimento
ou máquina disposta a toda iniqüidade
usarei algemas, grilhões, bolas de ferro
meu desejo será teu leve pensamento
X
nenhum encanto quebrará teu monopólio
ao fim da jornada não carregará desalento
contarei com a colaboração do destino
a concorrência muito antes me carregará

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