ela se sentiu desejada
joga seu cabelo trançado
faz o pé de bailarina
desloca o quadril
ajeita o bracelete
perde o olhar no horizonte
respira profundamente
parece ansiosa, ávida
talvez seja ou esteja insegura
aquieta-se
acaba de dar-me as costas negras
mexe na blusa amarela
cobre o pneuzinho
imagino-a sem roupa
escandalizada, histérica
ela se vira e não me olha
procura uma fuga no chão
ou o momento
e o sinal abre
o sinal sempre abre
ela não me vê partir
ainda a vejo pelo retrovisor
que Deusa, uma Orixá
em beleza e mistério
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