sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Nega prosa em verso


ela se sentiu desejada

joga seu cabelo trançado

faz o pé de bailarina

desloca o quadril

ajeita o bracelete

perde o olhar no horizonte

respira profundamente


parece ansiosa, ávida

talvez seja ou esteja insegura

aquieta-se

acaba de dar-me as costas negras

mexe na blusa amarela

cobre o pneuzinho

imagino-a sem roupa

escandalizada, histérica


ela se vira e não me olha

procura uma fuga no chão

ou o momento

e o sinal abre

o sinal sempre abre

ela não me vê partir

ainda a vejo pelo retrovisor

que Deusa, uma Orixá

em beleza e mistério

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